Joel Marinho

Entre letras e versos

Textos

Mãe, queria te dizer tantas palavras! Há tantas coisa boas que eu quero lhe falar.
Hoje quando acordava te vi entrar em meu quarto com aquele jeito rude, mas com uma complacência e paciência que nenhuma deusa grega poderia imitar. E trazia meu café antes de me acordar.
Ah, aquele café! Com cheiro de erva doce, café triturado no velho pilão, um pedaço de pão ou um pouco de farinha, quando era só isso que tinha.
Quanta humildade tinha a nossa casa de chão batido com parede de pau a pique, mas mãe, éramos felizes e mesmo quando zangava por minhas travessuras e dava-me aquele corretivo, em pouco tempo seu semblantes de mãe era tão acolhedor, não há outra tradução, é amor.
É mãe, mas o tempo passa e as consequências da vida as vezes nos torna tão distantes. Chega a ser sufocante a dor da saudade, as lágrimas vertem nessa hora, como seria bom seu abraço agora.
Mas em breve estarei dentro do teu abraço que é tão grande quanto ao mundo que me cerca e tão acolhedor como só o seu abraço é.
Sua voz cansada as vezes me assusta, suas mãos calejadas já não tem tanto tato, seus olhos já turvos o faz vacilar, suas pernas travando com passos miúdos são marcas do tempo que me fizeram caminhar.
Em nada tenho de ti a reclamar, nem mesmo aquelas cintadas que me deixavam marcas temporárias, as quais são tratadas como violência hoje me faz sentir qualquer tipo de amargura, ao contrário, sua rusticidade de mãe às antigas me tornaram o homem que sou, batalhador e respeitador dos direitos alheios.
Ó, querida mãe, fosse me dado a solicitação de canonizar uma única pessoa eu não balbuciaria em falar seu nome, pois todo o merecimento a mim quanto homem foi em grande parte a sua luta de mulher guerreira.
Mãe, por aqui vou ficando e, de mais nada, apenas desejando que estes meus escritos ao lhe encontrar tenham o mesmo respeito de se curvar perante a senhora, assim como me curvarei perante a única rainha que conheço.
Do mais, nada, apenas dizer que te amo demais, minha querida mãezinha.
Do seu filho que jamais o esqueceu mesmo quando a distância nos torna órfão e solitário.
 
Te amo, mãe!!!
 
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 28/09/2018


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