COMO ME SEDUZ O SILÊNCIO!
Como me fascina o silêncio!
Ele me seduz assustadoramente e eu acabo me derretendo em seus braços como a donzela que encontrou seu primeiro namorado e fica loucamente apaixonada após sua primeira vez.
Pois bem, o silêncio é a parte da vida mais louca para mim, pois ele é uma espécie de amor e ódio, em alguns momentos ele me irrita, noutros me traz a tão sonhada paz de solidão que meus tímpanos imploram em ter.
É no silêncio que os meus loucos pensamentos despertam para a criação das minhas poesias, os mais sinistros pensamentos enterrados nos escombros acordam, pois estavam escondidos nos labirintos sem saídas.
O silêncio me prega cada peça!
Certa vez ele insistiu em acordar velhos “defuntos” e fazer com que o medo acordasse os monstros adormecidos do passado. Como eu sofri em silêncio!
Meus olhos mareados na escuridão da noite, lembrei a tenra infância quando meu velho lençol rasgado não dava para cobrir todo o meu corpinho enrolado, meus pés insistiam em ficar de fora e a impressão que eu tinha era de não estar protegido e a qualquer momento o monstro devorador de criancinhas me puxaria para aquele mundo mal das trevas.
Hoje fico em silêncio aproveitando outros pensamentos, mas confesso que ainda sobe no corpo um arrepio horrendo com as lembranças daqueles tortuosos momentos.
Então fico em silêncio a contemplar a luz do luar, ao ver lá longe as estrelas piscarem como que sorrindo para mim a enfeitar minhas doces poesias.
E eu em silêncio fico extasiado, anestesiado observando os mínimos detalhes que a natureza nos oferece a todo momento. É no silêncio que ouço o meu respirar, a entrada de oxigênio em meus pulmões que me faz pensar em todas as possibilidades da vida.
O silêncio é meu maior aliado em quase tudo na vida e só me sinto feliz longe dele quando em meio ao silêncio ouço as vozes e gargalhadas das pessoas que me amam e que eu amo, pois assim afastam todos os meus pensamentos ruins e solidão que também o silêncio criou com sua insensibilidade.
Mas enfim, o silêncio volta outra vez e nesse jogo de amor e ódio é o maior aliado nos meus momentos de criação poética.
Se eu gosto do barulho? Sem pensar duas vezes a resposta é sim!
Gosto da algazarra, o som da música, o choro das crianças, a voz das pessoas onde eu gravo alguns detalhes para explorar no silêncio do meu quarto no momento que está só o silêncio ensurdecedor e eu e ao nosso lado a solidão.
JOEL MARINHO