Rouxinol era um pássaro Que nasceu sem ter irmão Quando ainda eram ovos Um caiu, quebrou no chão Seus pais cantaram lamentos Em meio a desilusão.
Mais Rouxinol resistiu Chocou e nasceu robusto Em pouco tempo empenou Mariscando nos arbustos Aos poucos virou cantor Causando aos seus, susto.
Logo que bateu as asas Sentiu tanta liberdade Voo por entre as florestas E descobriu as cidades Com a sua cantoria Cheio de felicidades.
Ficou nessa condição Entre a cidade e o campo Tornou-se bem cobiçado Despertando com seu canto Aos ferozes da cidade Cobiçando seu encanto.
Além de um belo cantar Tinha uma bela plumagem Entre vermelho e azul Formavam sua carenagem Cortava o céu com a beleza E voava com coragem.
Viu o seu campo ruir Matas virando deserto Violentaram suas terras Tudo virou campo aberto A cobiça dos humanos Deixou de cinzas coberto.
Rouxinol então migrou Do campo para a cidade Mal sabia que a beleza Dali trazia maldade Uma maldita gaiola Em um inferno que arde.
E assim se acostumou Com o sorriso dos homens Que se fazem de bonzinho Sem mostrar cara de fome Depois se transforma em lobo Feroz igual lobisomem.
E foi assim que tal pássaro Sentiu-se tão atraído Se acostumou com os homens E a eles deu ouvidos E assim não percebeu Na gaiola ter caído.
Depois que estava preso Sem ter pra onde voltar Pois as florestas de antes Não estava no lugar Seu voo ficou limitado Não sabia mais cantar.
Assim morreu Rouxinol Preso naquela gaiola Mesmo ainda respirando Nunca mais pode ir embora Via morrer seus desejos Morrendo ao passar as horas.
O encanto das cidades E a violência do campo Faz o pássaro cantador Ver tolhido o seu encanto Com as mazelas encontradas Perde as vozes do seu canto.
Quantos pássaros sufocados? Vivem o êxodo rural E morrem nessa gaiola Sufocados pelo mal Migrando para a cidade Seu canto de liberdade Perde o encanto, afinal.