O TEMPO PASSA, MAS O RACISMO...
Quando no século dezenove
Tentavam justificar
E tudo a luz da ciência
Já não dava pra acreditar
Hierarquizando humanos
Cada grupo em seu lugar.
Jamais vou justificar
Mas posso até entender
Até a própria ciência
Não tinha como saber
Porém já no século vinte
Mudou todo o proceder.
Com novas tecnologias
Descoberto o DNA
A ciência então provou
Todos viemos de lá
Do continente africano
E não tem como negar.
Ainda veio quebrando
Com a velha concepção
Viemos do mesmo gene
Quer queira você ou não
Com as novas descobertas
Nós somos todos “irmãos”.
Viemos de um mesmo gene
E somos uma só raça
A chamada raça humana
Não me venha com pirraça
Achar ser superior
Pare já com sua graça!
No final do século vinte
Nos tornamos tão modernos
Parecia que agora
Acabaria esse inferno
Mudaríamos nosso olhar
Do maldito racismo “eterno”.
E no Brasil foi criado
A “democracia racial”
Por um tal Gylberto Freyre
Eu não sei se fez por mal
Mas não sei onde ele viu
Esse tratamento igual!
Mas vamos deixar pra lá
Essas coisas do passado
Vamos falar do presente
Deixar o tempo “atrasado”
Para falar do presente
Com o racismo acabado.
Como é, caro poeta!
O racismo acabou?
Então estás informado
Pelo rádio do seu avô
Ou será que estás em Marte?
Não minta ao seu leitor!
Essa semana a Disney
Anunciou o papel
Dando a uma atriz negra
Para estrelar Ariel
Logo em seguida surgiu
Um comentário cruel.
Em pouco tempo já tinha
No Instagram da atriz
Milhares de comentários
Criminosos, cruéis vis
Por isso encerrou sua conta
Isso tem lógica, me diz?
Como um século vinte e um
Com tanta racionalidade?
Mesmo a ciência mostrando
Biologicamente igualdade
Ainda há idiotas
Que juga a cor por maldade!
Afinal o que é que tem
Ter menos ou mais melanina
Se o humano é capaz
Seja menino ou menina
Branco, preto, rosa, azul
O que a cor determina?
Mas infelizmente vemos
Essas coisas inaceitáveis
O racismo ainda em voga
Queria que fosse miragem
E de fato não existisse
Esse ato tão covarde.
Mas é um fato verídico
Mesmo sendo tão cruel
Até nos filmes da Disney
Se faz um grande escarcéu
Se uma negra for fazer
A sereia Ariel.
Diz uma mãe como eu vou
Explicar Ariel preta
Daqui a pouco as princesas
Vão ter cara de pobreta
Não senhor, não aceitamos
Essa coisa do capeta!
É daí pra mais cruel
Os comentários daninhos
Sem amor, sem compaixão
Sem flor, somente espinhos
E essa desgraça, racismo
Cruza por nossos caminhos.
Assim anda a humanidade
Que dizem ser estudada
Mas parece que a História
Ninguém quis estudar nada
Não mudam ou querem mudar
Querem o ego exaltar
Empatia é uma piada.
JOEL MARINHO