O INGLÊS EU NÃO SEI, JÁ O PORTUGUÊS...
E nos últimos episódios
Da política brasileira
A novela é a embaixada
Dada de qualquer maneira
Ao filho do presidente
O que fala e escreve asneira.
É lá nos Estados Unidos
Que ele quer atuar
E em seu belo discurso
Difícil de acreditar
Disse ele sou trilíngue
E sei hambúrguer fritar.
Para assumir a embaixada
Disse ele que fala inglês
Não sei se é parecido
Com idioma “cearenses”
De onde “tiurrai”, de onde “tiurrem”
O outro idioma, talvez.
Desculpem os cearenses
Isso é só pra distrair
Essa tosca comparação
Eu que um dia vim daí
Meus ancestrais cearenses
Ainda vivem em mim.
Mas voltando ao rapaz
Que disse falar inglês
Eu que não entendo nada
Talvez concorde, talvez
Porém não vou concordar
Que ele escreva em português.
Pois o nosso português
Foi “atacado” por esse moço
Ao falar de um buraco
Caiu de cara no fosso
Quando ele confundiu
A palavra “posso” com “poço”.
O rapaz fez confusão
De verbo com substantivo
Talvez foi o seu teclado
Que criou novo sentido
Depois do teclado “burro”
A desculpa é, fui traído.
Mas a culpa eu até sei
Foi essa universidade
A qual ele se formou
“Comunista” de verdade
E também do Paulo Freire
E a pedagogia da “bondade”.
Pois segundo o pensamento
Desse mesmo que é “doutor”
A universidade pública
É um mundo de horror
Quem nela tem formação
A ele não tem valor.
Pois nessas instituições
Só existem comunistas
Maconheiros, baderneiros
Barbudos e marxistas
Não sabem nem escrever
Só tem estudantes turistas.
Vendo então seu currículo
O homem é “merecedor”
Por seu inglês “desenvolto”
Posso o chamar de doutor?
Menos pelo português
Pois nessas aulas faltou.
Se o critério é universidade
Eu fico com a que me formei
Foi em uma federal
Que com louvor eu passei
Queria ver ele fazer
O que o poeta aqui fez.
Mas enfim não vou medir
Seus sofrimentos com os meus
Minha vida, meus sofrimentos
São diferentes dos seus
Não vou seguir sua linha
Culpando a todos, até Deus.
Porém vou ratificar
Quanto ao português do moço
É uma lástima total
O que tem a ver “posso” com “poço”?
Pois é igual confundir
O calcanhar com o pescoço.
Eu por aqui vou ficando
Deixo um abraço apertado
Ao leitor que ainda ler
O meu português errado
Lhes deixo aqui meu pedido
Desculpe leitor querido
A culpa é meu teclado.
JOEL MARINHO