UM JUMENTO REVOLTADO
POR JOEL MARINHO
Essa é mais uma história
Que contava o velho Zé
Um senhor conversador
Na conversa era o Pelé
O seu Zé jamais mentiu
Tudo que conta ele viu
Acredite se quiser.
Essa história é bem curta
Eu não vou me alongar
Ele contou que um jumento
Resolveu não trabalhar
Deu três coices em seu dono
Que caiu no chão com sono
E o jumento a falar.
Não aceito isso mais não
Sai daqui filho do diabo!
Além de me botar carga
Tens um chicote macabro
E se eu caio com dor
Ao invés de me dá amor
Tu pões fogo no meu rabo.
Até te pedi socorro
Com relinchado sofrido
Tu mais me chicoteavas
Como se eu fosse um bandido
Assim resolvi fazer
Falar igual a você
E quebrar seu “pé de ouvido”.
Então a partir de hoje
Falo-te nesse momento
Pedi minha demissão
Sairei desse tormento
Ponha a carga no seu pai
Sofrer assim nunca mais
Faça sua mãe de jumento.
E levantou a cabeça
Deu a última relinchada
Ficou ereto e andou
Para o rumo da estrada
Não andou mais de quatro pés
Veja só esse revés
As coisas foram trocadas.
Quando o homem acordou
Nem mais sombra de jumento
Ele então saiu correndo
Em um grande sofrimento
Dizendo: - eu sou Jesus,
Vou carregar minha cruz
E foi viver ao relento.
Seu Zé afirma que viu
Esse moço um tempo atrás
Ficou um louco varrido
Na cidade de São Tomás
Uma hora diz ser Jesus
Noutras a raiva o conduz
E afirma ser Satanás.
Quanto ao jumento, seu Zé,
Afirma que fez progresso
Estudou, virou político,
Mas se tornou um bregresso
Se a verdade não lhe mente
Esse jumento indolente
Virou membro do Congresso.
E o homem que votou nele
É que virou um jumento
Trabalha pra se lascar
No final seu pagamento
Metade é para impostos
Vivendo nesse desgosto
Tudo o que sobra é lamento.