ENTRE O “AMOR” E A AGRESSÃO O CAMINHO É A MORTE
POR JOEL MARINHO
Peço aqui nesse momento
Em forma de oração
Aos deuses da poesia
Para guiar minhas mãos
Abram-se as portas do céu
Para escrever esse cordel
De uma triste situação.
Trata-se de uma história
Que vemos todos os dias
Parece até clichê
Essa enorme agonia
Jovens se achando modernos
Saem do céu ao inferno
Perdendo toda a alegria.
Falemos de uma menina
Para ser mais pontual
Com tantos sonhos na vida
Era sempre alto astral
Vivia a fazer planos
Mas acabou num engano
Só de pensar passo mal.
Klícia era uma menina
Muito linda e recatada
Em tudo o que ela fazia
Era sempre moderada
Mas um dia ela se viu
Dentro de um abismo frio
Pois caiu em uma cilada.
Com os seus dezesseis anos
Por Clayton se apaixonou
Foi uma grande mudança
Sorria com aquele “amor”
Ele começou falar
Pare amor de estudar
Sou seu anjo protetor.
Os amigos e amigas
Diziam Klícia, cuidado!
Ame, pois você merece,
Mas nada precipitado
Confie desconfiando
Não vá assim se entregando
A esse seu namorado.
Enquanto o tempo passava
Aquele amor só crescia
E Klícia obedecendo
Tudo o que Clayton pedia
Com toda boa vontade
Mal sabia da maldade
Que aquele rapaz trazia.
Aos poucos Clayton tirou
Os amigos dela de perto
Ela de olhos “fechados”
Nem via o abismo aberto
Em que ela os pés fincava
E cada vez se afundava
Na areia do deserto.
Um dia Clayton chegou
Com a aparência diferente
Nem de longe parecia
Aquele rapaz sorridente
Klícia então lhe abraçou
Ele aí o empurrou-a
E se virou de repente.
A menina perguntou:
- O que foi que aconteceu?
– Por favor, não enche o saco!
Assim ele respondeu.
Ela assim se assustou
E outra vez perguntou:
- Que bicho que te mordeu?
Começou daquele ponto
Uma pequena discussão
Ela querendo saber
Qual a causa sem razão
Ela então perguntou
Onde está o meu amor?
Homem de tão bom coração.
Quando ela aproximou
Ele disse: - Sua safada!
Mostre-me seu celular
Quero ver sua jogada
Klícia muito se assustou
Disse pegue meu amor
De ti não escondo nada.
Ele olhou todas as mensagens
E nada de anormal
Devolveu o celular
E disse a ela, foi mal,
Desculpe-me meu amor
Esse meu grande temor
De te perder afinal.
Ela então lhe respondeu:
- Está tudo bem meu amor
Ciúmes é normal, faz parte,
Abrace-me, por favor!
E tudo voltou ao normal
Aquele amor “ideal”
Ficou em paz, continuou.
Mal sabia a tal menina
Que aquilo era o começo
Do que seria o inferno
O qual pagaria o preço
Cada dia uma cobrança
Por falta de confiança
Que eu até estremeço.
Até que chegou o dia
Que a discussão foi mais forte
Ele a chamava de puta
E o ameaçava de morte
Deu um soco no seu rosto
Causando a ela desgosto
Naquele vale sem “sorte”.
Isolada sem amigos
Não tinha a quem recorrer
Com vergonha dos parentes
Ela então pagou pra ver
Até onde Clayton ia
Com aquela valentia
Causando-lhe desprazer.
Um dia Clayton chegou
Tinha bebido demais
Klícia já estava dormindo
E ele o tirando a paz
- Levanta sua safada
Pois uma mulher casada
Tem que ser mais eficaz.
Klícia fez que nem ouviu
Ficou na cama deitada
Sentiu um soco nas costas
Que ficou sem ar, jogada.
Clayton com ódio mortal
Puxou da bolsa um punhal
E deu-lhe uma punhalada.
Klícia gritou por socorro
Ele fechou sua boca
Quando os vizinhos chegaram
Ele disse ela está louca
Nada está acontecendo
Só estamos nos entendendo
Nossa briga é coisa pouca.
E assim a sufocou
Até ela perder o ar
Ele dizia, ô safada!
Trata de me respeitar.
Quando eu te mandar fazer
Faça sem me aborrecer
Não deixa eu me irritar.
Clayton então reconheceu
Que Klícia havia morrido
Abriu a porta e correu
E saiu dali fugido
Quando o dia amanheceu
Um vizinho percebeu
O que tinha acontecido.
A porta estava encostada
O vizinho chamou por ela
Aí resolveu entrar
Então abriu a janela
A cena que ele viu
O seu coração partiu
A morte ali sem vela.
Logo a imprensa chegou
E a polícia também
Os peritos são chamados
Em um grande vai e vem
Mais uma vítima morreu
Daquele “amor” que nasceu
Que parecia tão bem.
Infelizmente é assim
Que começa uma morte
Em que alguém se intitula
Dono de sua consorte
E ela acreditando
Que o cara está mudando
Fica brincando com a sorte.
E assim milhares de Klícias
Perdem a vida todo ano
Quase sempre a mesma coisa
São vítimas desses tiranos
Diz que matam por amor
Causando assim grande dor
Interrompem sonhos e planos.
Mulheres, preste a atenção!
Não caiam nessa cilada
Se já sofreu agressão
Caia fora apressada
Se te bateu uma vez
Vai bater mais outra vez
No final tiro ou facada.
Então a melhor saída
Sair imediatamente
Procurar lugar seguro
E fugir dessa serpente
Homem que bate em mulher
Tem um distúrbio qualquer
Pois só pode ser doente.
Mas também vou registrar
De mulher que perturba homem
É doente do mesmo jeito
Alguma doença lhe consome
Se você for perseguido
Dou-te um conselho de amigo
Pega tuas coisas e some.
Eu vou ficar por aqui
Não quero mais prolongar
Mas se o leitor quiser
Posso no assunto voltar
À mulher mais liberdade
Pois esses atos covardes
Precisam se acabar.