SEM PAPAS NA LÍNGUA
JOEL MARINHO
Dizem que a guerra é biológica
E a China é a culpada
Outros culpam o Bolsonaro
Com sua boca de “mal lavada”
Mas para esquentar o clima
Outros dizem foi Lula e Dilma
Causador dessa enrascada.
Tem outros mais radicais
Que culpam o carnaval
Que trouxe a nós o castigo
Infeliz antro do mal
Igual a Jó molestado
Pelo Diabo castigado
Por um vírus mundial.
Culpam a Greta que calou
Nunca mais se falou dela
A Globo é o próprio mal
Causadora das mazelas
Big Brothers é bem “Prior”
Minha cabeça deu nó
Não aguento mais balelas.
No meio da confusão
Mandetta diz: - fica em casa!
Bolsonaro sai dizendo:
- Vamos trabalhar cambada!
Vão morrer só os velhinhos
Que estão fechando o caminho
Pra economia avançada.
Imagino eu que sou “besta”
Que de vírus não conheço
Pense só na confusão
Será mesmo que mereço?
Fico em casa ou vou pra rua
Estou igual o Da Lua
Perdido sem endereço.
É tanto disse me disse
São notícias tenebrosas
Que o Covid-19
É uma fera e devora
Outros dizem é gripezinha
Parem com essa ladainha
A fome já apavora.
Nossos próprios governantes
Igual cego em tiroteio
E eu mais cego ainda
Tenho que ficar no meio
Olho a Itália e Espanha
Suicídio na Alemanha
Parece que o bicho é feio.
Ao ver Igrejas fechadas
Aquelas que prometem a cura,
A cura pra qualquer mal
Em silêncio de sepultura
Os seus pastores sumiram
Mas não é medo do vírus
A culpa é das prefeituras.
Pedem dinheiro de casa
Na maior cara de pau
O papa perdoa a todos
Livrando-os de qualquer mal
É uma grande peleja
A disputa das igrejas
Nessa hora crucial.
Eu fico aqui pensando
Com essa mente de poeta
Porque que essas igrejas
Não buscam soluções concretas
Faço como Jesus fez
Doa ao pobre de uma vez
Toda a renda que lhes cerca.
Cadê aquele versículo
“Não junteis tesouro na terra”?
O velho Matheus escreveu
“As traças vão fazer guerra”
“Quem dá ao pobre empresta a Deus”
Tá no provérbio, você leu?
Se não leu o papo encerra.
Eu não sei se é por isso
Que me chamam de ateu
Por eu não ser seguidor
De pastor, padre ou judeu,
Se errar erro sozinho
Mas não fico com papinho
Falando em nome de Deus.
Já até falei demais
Já discorri um bocado
Quero encontrar a resposta
Quem realmente é culpado?
Dessa desgraça que veio
Como um caminhão sem freio
Deixando o mundo assustado.
Espero a sua reposta
Traga a mim uma esperança
Se não tiver mais perdido
Que cachorro que cai da mudança
Porém se tiver assim
Com certeza tá igual a mim
Entre desespero e esperança.
Não vou criar um culpado
Apesar de fazer críticas
Critico religião
Pastor, padre e a política
Pai de santo e xamã
Por pensar num amanhã
De uma maneira analítica.
Porém respeito a todos
E se fizer a coisa certa
Bato palmas elogio
De uma forma correta
Não me faço de rogada
Também não sigo tal gado
A qualquer líder pateta.
Deixo aqui o meu abraço
A quem gostou do cordel
Curta lá na minha página
Antes de eu ir pro “céu”
Lá no Recanto das Letras
Dê uma moral, compareça,
No meu Recanto fiel.