Joel Marinho
Entre letras e versos
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DEU VÍRUS, “FESSOR”! PARA O VÍRUS EU TENHO A CURA.
POR JOEL MARINHO
Durante mais ou menos dez anos em sala de aula quanto professor de História já ouvi diversas estórias de alunos “malandros” para não entregar trabalho no dia marcado para tal, também já ouvi alunos sinceros de chegar e dizer: professor, desculpa por não ter entregado o trabalho na data certa, eu estava com preguiça, vacilei no tempo, mas se me eu tiver a chance de entregar amanhã eu prometo que trago e realmente entregar. Esses tem de fato toda a minha admiração, já fui e sou aluno também e prefiro ser sincero a tentar inventar desculpas.
Já ouvi desculpas do tipo: professor, minha mãe estava lavando roupas e eu esqueci o trabalho no bolso da calça, molhou e derreteu todo, os olhos do “miserável” nem treme, como diriam meus antepassados. Ou, professor, meu papagaio roeu meu trabalho e até mostram fotos de um papel velho todo roído que baixou da internet.
Outros dizem que ao voltar para casa a chuva o pegou e acabou com o trabalho. Já outros culpam o cachorro, sendo que nem cachorro tem em casa. Enfim, de alunos malandros eu já ouvi de tudo para se eximir da culpa de sua própria falta de vontade e respeito com o trabalho do professor e consigo mesmo.
E agora as desculpas “deslambidas” vêm na velocidade da nossa tecnologia, bastou aparecer esse tal de de Covid-19 para mudar toda a nossa rotina em meio a essa briga política “fica em casa”, “sai de casa” para eles (alunos malandros) também se renovarem com a péssima má intenção de sempre
Kurtz Allan espia o nome da figura, altamente “emponderado” no inglês arrumou mais uma de suas desculpas, dessa vez virtual, sem mais a obrigação de mentir e ter que aguentar aquele olhar de cachorro pidão olhando nos meus olhos veio com essa depois que nossas aulas presenciais foram suspensas e tivemos que passar as tarefas por meio do serviço eletrônico do Google classroom. Eu ainda tentando me reinventar dentro na tecnologia mais avançada, coisas que a maioria deles domina com facilidade, eles já estão bem além com relação às desculpas esfarrapadas.
Depois de pedir a tarefa e marca a data de recebimento chegou a minha caixa de mensagem o seguinte texto: “Professor, não sei se o senhor lembra-se de mim na sala de aula, sou aquele aluno que senta lá atrás na ultima carteira da fila, mas fico na minha de boa e nunca baguncei em sua aula, pois é, tive um pequeno problema na entrega de sua atividade, meu celular deu bug e apagou tudo o que eu tinha escrito. O técnico de celulares me falou que DEU VÍRUS, PROFESSOR”.
Tive então que elaborar uma resposta a altura, já que nessa guerra contra o vírus parece que já entrei perdendo.
Então escrevi: Caro Kurtz Allan, sei muito bem quem é vossa figura, fica sempre lá atrás dormindo com um fone de ouvido nas orelhas e nunca entregou nenhuma atividade e se entrega nunca vem com a sua letra.  Eu entendo a sua situação, em meio a essa pestilência do Covid-19 é normal que todos fiquem realmente em uma ansiedade muito grande, até porque para esse mal ainda não inventaram nenhuma vacina antivírus, porém para computador, tablete e celular você pode baixar antivírus até de graça e para falta de vontade você pode baixar “simancol”, pois pelo que eu tenho de conhecimento até para o Covid-19 já temos milhares casos de cura, então não me venha com o vírus que eu tenho o antídoto aqui, passe lá no site da Seduc e verifique o seu boletim que ele estará estampado em número garrafais, 0,00 (ZERO).
Observação: passe também lá no classroom que já temos outras atividades. Ah, se você conseguiu me mandar essa mensagem é porque teve acesso a internet com um aparelho eletrônico, então por que o senhor não aproveitou o tempo para escrever essa desculpa e não fez a atividade que duraria no máximo dez minutinhos e o senhor passou no mínimo meia hora maquinando me enganar e se enganar? Passar bem senhor Kurtz! Não me venha com o vírus que eu tenho a cura!
 
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 31/03/2020
Alterado em 31/03/2020
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