A MORTE A PASSO LARGO
POR JOEL MARINHO
Quando menino eu via a morte a passo lento. Primeiro era o sino anunciando o momento, depois o padre que se aproximava para encomendar a alma com reza e água benta. A morte se tornava um grande acontecimento. Vinha de longe muita gente, havia comida e bebida, entrecortando o choro também tinha alegria, até o descanso final do ser que na morte dormia.
Hoje a morte vem a passo largo, não há mais padre encomendando alma, não há mais comida seguida de choro e alegria, não há se quer a despedida, tudo ficou tão pesado, não bastasse o próprio peso que a morte já anuncia.