OS SEISCENTOS REAIS OU UMA CELA FRIA E FEDORENTA
POR JOEL MARINHO
Essa História é surreal
Lógico que não é verdade
É apenas brincadeira
Em meio à calamidade
Bolsonaro assinou
E o seiscentão entrou
Em prol da sociedade.
Em um lugar bem distante
Bem próximo do oceano
Numa cidade pequena
Talvez eu seja profano
Chegou a mim a notícia
De um caso de polícia
Mas acho que foi engano.
Por isso caro leitor
Releve a minha ilusão
Só vou rimar um pouquinho
Porém sem muita atenção
Mas se você quiser ler
Eu conto para você
Essa tal má criação.
Era uma mulher velhinha
Que recebeu os seiscentos
Por não ter locomoção
Dali dos seus aposentos
Deu o cartão ao marido
Que já velhinho e sofrido
Foi atrás do tal contento.
Chegando lá na lotérica
Pegou aquela bolada
Disse eu vou comprar na feira
Bucho para uma buchada
Porém chegando à feira
Cometeu uma besteira
E pense numa cagada!
Viu uma mulher dançando
Naquela casa alegre
Puxou logo cem reais
E disse hoje se bebe
Traga uma caixa garçom!
E pode aumentar o som!
E que ninguém hoje arregue.
Porém a sua intenção
Era tomar uma grade
Mais chegou outra mulher
A chamada de comadre
Disse ele desce mais
Outra grade não é demais
E afinal não é tarde.
Aí o bicho pegou
Esqueceu-se de ir pra casa
E já cheio da manguaça
Os olhos estavam em brasa
Em meio a tanta mulher
Não foi comprar o café
O homem até criou asas.
As mulheres iam chegando
Já chamando de patrão
Ele esqueceu o seu nome
E disse sou solteirão
E pra não ficar pra trás
Gastou os seiscentos reais
Passou os pés pelas mãos.
Porém para complicar
Chegou um cara valente
Quis suas gatas tomar
Prometeu quebrar seus dentes
Ele já liso e lascado
Levantou endiabrado
E disse, isso vai ficar quente.
Foi em casa e se armou
Pegou o velho terçado
Estava cheio de dentes
Todo o fio enferrujado
Mas saiu todo valente
-Te mato, cabra insolente!
Pra deixar de ser safado!
Porém na próxima esquina
Veja o que se sucedeu
A polícia disse, para!
Ele não obedeceu
E falou desaforado
Não entrego o meu terçado
É herança, alguém me deu!
O polícia então falou
Ainda nem perguntei
Se tu tinha um terçado
Porém agora já sei
Mão na cabeça, vadio!
E não dá mais nem um pio
Está preso em nome da lei
O velhinho então se zangou
E ficou bem mal criado
E disse para o polícia
Se quiser o meu terçado
Vai ter que brigar comigo
E tu vai correr perigo
Seu patife abestalhado.
O polícia então chegou
Deu no velho um bofetão
E disse, você está preso!
Jogou-o no camburão
E assim foi o presente
O dinheiro do “presidente”
Jogou-lhe numa prisão.
O resultado eu não sei
Também nem quero saber
Não sei se ainda está preso
Se está vai aprender
A nunca pegar os seiscentos
Que era para o sustento
E de cachaça beber.
Esse não foi o primeiro
Será o último? Não sei!
Que vai beber os seiscentos
E ter problemas com a lei
Maldita seja a cachaça
Que a muita gente desgraça
Se achando que é o rei.
E não que eu seja contra
De tomar sua cachaça
Sabemos que muito álcool
Pode ser sua desgraça
Mas pra ficar numa boa
E ficar bem com a “patroa”
Não beba em bar ou praça.
Vá até o supermercado
E compre a sua caninha
No meio daquela compra
Que agrada a “patroinha”
No meio ponha limão
Ponha em casa uma canção
E beba até de manhãzinha.
E se você ficar porre
Pode dormir onde estiver
Na cadeira ou no banheiro
Mas não perturbe a mulher
Para agradar a patroa
Acorde ela numa boa
Dê beijinho e leve café.
Por favor, não faça besteira,
Achando que vai morrer
Em meio à pandemia
Você vai sobreviver
Não coloque em seu diário
Falando do Bolsonaro
Pois o otário é você.
Deixo aqui o meu abraço
A quem se identificou
Como eu sei que é esperto
Esse dinheiro guardou
Pois temos que lutar uns dias
Contra essa epidemia
Com garra, paz e amor.
FIM