Joel Marinho
Entre letras e versos
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM PERÍODO DE PANDEMIA OU A PANDEMIA SERIA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?
POR JOEL MARINHO
Que as forças do universo
Ilumine-me nesse momento
Para versar esse tema
Causador de sofrimento
A violência doméstica
Trazendo tanto tormento.
 
A violência doméstica
É um tema bem geral
Pois abrange tanta gente
De forma descomunal
Destruindo tantos sonhos
Um desespero total.
 
Olho para a estatística
Já se tornou habitual
A violência doméstica
Parece até ser normal
E às vezes justificada
De uma forma natural.
 
“Eu bati porque a amo
Porém ela mereceu”
Esse discurso tirano
Parem pelo amor de Deus
Bateu porque é covarde
Se justificar, já deu!
 
Sabemos que as estatísticas
Nem de longe é o montante
Várias mulheres no Brasil
Apanham nesse exato instante
Outras tantas perdem a vida
Por seus pares ignorantes.
 
Nem mesmo Maria da Penha
A Lei contra a violência
Foi capaz de fazer parar
Com tamanha truculência
Dentro de casa ainda reina
Essa grande inconsequência.
 
Homem que acha ser dono
Da mulher que é companheira
E por isso pode bater
Seja por qualquer besteira
Ou sufocar com palavras
De uma forma matreira.
 
E engana-se quem pensar
Que a única violência
É somente quando o parceiro
Usa sua truculência
A coisa é bem mais complexa
Do que muita gente pensa.
 
Palavrões e escassez
Pontapés e empurrões
Dizer qual roupa se veste
Causando humilhações
Tudo isso é violência
Que causam fortes emoções.
 
Humilhar por ter dinheiro
Dizer que a mulher não trabalha
Só porque tá sem emprego
Isso é coisa de canalha
Quer saber, cuide da casa!
E verás o fio da navalha.
 
Agora com o “fique em casa”
Por conta da quarentena
A violência aumentou
Por que bate em sua morena?
Ela não merece isso
Cuide da sua “pequena”.
 
Sei que está muito estressante
Para mim e pra você
Mas não vai ser com porrada
Que vamos tudo resolver
Coloque-se no lugar dela
E sem besteira fazer.
 
E antes de ser machista
Pense mais como é que é
Ter todo mês seus hormônios
Mexendo até com sua fé
Bagunçando todo o corpo
Essa é a vida da mulher.
 
E agradeça por ter
Os hormônios sem mudanças
Sendo quase a mesma coisa
Mas mesmo assim faz lambança
Pelo fato de ser macho
Quer ser o peso da balança.
 
Você pode até dizer
Como tu és paciente!
E perguntar, tu é santo?
Vou falar compassadamente
Também cometo machismo
Mas procuro ser complacente.
 
Pois também sou ser humano
E também faço besteira
Mas sempre me policiando
Pra não feri-las por asneiras
E busco todos os dias
Aprender boas maneiras
 
Algumas vezes na vida
Também cometi pecados
Mulheres com quem convivi
Talvez tenha magoado
Porém todo dia eu tento
Ser um homem melhorado.
 
E sempre eu procurei
Não cometer violência
E cada dia as mulheres
Guiam-me à sapiência
E assim vou respeitando
Como a qual eu vivo pensa.
 
E não que eu viva acuado
Com medo de uma mulher
Ao contrário eu sou livre
E assim que deve “é”
Da mesma forma liberto
Pra ela ser como quiser.
 
Porém o grande segredo
De viver bem e em paz
E saber compreender
E aplaudir o que o outro faz
Dar força e conversar
Será que isso é de mais?
 
E é com muita tristeza
Que as estatísticas eu vejo
Subir consideravelmente
Nesse momento sobejo
Na época de quarentena
É porrada sem quase beijo.
 
Homens maltratam mulheres
Com a maior covardia
Vejo postagem machista
Daquelas que arrepia
Fazem de suas mulheres
As bruxas da Lombardia.
 
Eu digo a quem pensa assim
Existe uma solução
Se a vida a dois não está boa
Peça a separação
Viver com quem não quer mais
É a pior da prisão.
 
É melhor se separar
Dar ao outro a liberdade
Do que viver se xingando
De uma forma covarde
Melhor chorar separado
Do que com a morte mais tarde.
 
É tão fácil se viver
Se tiver compreensão
Ou cada um pro seu lado
Se houver separação
Dividam “os panos de bunda”
Sem briga, sem confusão.
 
Vou ficando por aqui
No meio da quarentena
Já é hora de dormir
E ir esquentar a morena
O amor é tão complexo
Porém amar vale a pena.
 
Deixo um conselho a você
Que se acha o machão
Procure um tratamento
Pois no fundo é um frouxão
Um homem sem segurança
Não passa de um molecão.
 
Porque um homem seguro
Não tem medo da liberdade
De quem está ao seu lado
Amando-lhe de verdade
Aplaude sempre os feitos
E deixa-a a vontade.
 
Pode até fazer ceninha
Para o amor apimentar
E fingir até ter raivinha
E assim um abraço ganhar
E acabam os dois sorrindo
Sem ter tempo pra brigar.
 
Trate a mulher com carinho
Com o cuidado de uma flor
Mas não a trate por fraca
Isso jamais, por favor!
E para não ter engano
Trate-a como ser humano
Com carinho e muito amor.

 
NOTA DO AUTOR: Existem muitos tipos de violência doméstica. Esse cordel não contemplou todos os tipos de violência tanto contra as mulheres quanto contra as crianças, sem deixar de falar também que há violência contra homens, mesmo que com uma frequência infinitamente menor em relação a de homens contra as mulheres.
Enfim, esse é um tema que devemos tratar todos os dias para tentarmos mudar essa concepção de ser humano como objeto do outro e até mesmo buscarmos retirar de nós os preconceitos e machismos arraigados em nós culturalmente, muitos vezes praticamos até de forma inconsciente ou inocente, como as brincadeiras machistas que podem ferir outras pessoas e que para nós não passa de uma brincadeira.
Mudar para melhor será sempre o caminho mais sensato para a humanidade e a manutenção dela.
 
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 08/05/2020
Alterado em 08/05/2020
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