O ESPIRRO QUE SAIU PELA (CU)LATRA
POR JOEL MARINHO
Nesse período de pandemia espirrar virou um “crime” hediondo.
Na fila da lotérica estava lá aquele rapaz distinto com a máscara do seu time de coração (o Vasco, ninguém é perfeito), até aí tudo tranquilo, por incrível que pareça ninguém estava desobedecendo a distância mínima de um metro um do outro.
Estava um silencio sepulcral entrecortado de vez em quando apenas por aquela voz dos atendentes que diziam: próximo! Talvez pelo medo de conversar muito e acabar espalhando o maldito vírus.
Foi nesse contexto silencioso que o pior aconteceu, veio no rapaz aquela vontade forte de espirrar, daquelas que não dá para segurar. Em fração de segundos ele pensou e assim segurou por cima da máscara a boca e o nariz, até que quase funcionou, mas como sabemos que quando o vento vira furação não tem quem segure, ele vai espocar em algum lugar.
Foi aí que o “pior” aconteceu, espocou por baixo aquele estrondo infeliz.
Prummmmmmmmmmmmmmmmmm!!! E ainda um estalo no final, tlaaa!!!
No meio do silêncio todos viraram para ele que estava estático, com uma vergonha sem tamanho. Quis correr e deixar aquela cena imediatamente vendo todos rirem de sua “desgraça”.
Mas pensando bem, ele se lembrou de que ali ninguém o conhecia e com aquela máscara do Vasco ninguém o iria reconhecer depois que passasse a pandemia.
Afinal, o que é um peido para quem não pode e nem deve espirrar em público? Pior seria nesse momento um espirro, talvez eu fosse ser trucidado por esse povo com medo do covid-19, pensou o rapaz e continuou ali na fila até ouvir a chamada de sua vez:
Próximo!
Dependendo da situação o “normal” vira pecado e o pecado pode “salvar”.