O ÚLTIMO COCORICÓ DE FRANQUINSTAIM
Eis que aparece de madrugada
O já combalido Franquinstaim
Tentou cantar ficou tossindo
Sua voz não saiu mais
Ainda mais com aquele bafo de onça
Pois por não dar mais conta de cobrir as galinhas
Franquinstaim perdeu a linha
E virou bebum no bar de seu Manel
Tomando o resto de cana que ficava nos copos.
Jorginete, a galinha matriarca grita alto:
- Có, có, có!
- Isso são horas de chegar seu ordinário?
Ainda tentou balbuciar com um cocoricó,
Mas não deu tempo mais para nada
Em seu pescoço desceu uma faca amolada.
Velho, cansado e embriagado e já de idade,
Cheio de mágoas e de desgosto
Franquinstaim perdeu o posto
Para um galo frangote e bem animado
Que foi indicado por um frango juiz
E deixava as galinhas arretadas.
Naquele dia Franquinstaim perdeu a vida
Enquanto seu substituto, muita energia esbanja,
Mas antes de morrer Franquinstaim teve a certeza
Que em galinheiro onde há politicagem
Um galo velho tá fadado a virar canja.
JOEL MARINHO