Joel Marinho
Entre letras e versos
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Textos
UM TEXTO A QUEM INTERESSAR (Talvez poucos, talvez ninguém, talvez...).
POR JOEL MARINHO
O que fazer em meio a uma tempestade de areia se eu nunca caminhei pelo deserto?
O que fazer em meio a um naufrágio se eu nunca naufraguei e nem nadar direito sei?
O que fazer frente a um desafio o qual nós nunca participamos?
Perguntas e mais perguntas que jamais saberemos responder se não vivenciarmos cada uma delas, não é mesmo?  Talvez você respondesse a todas elas de forma firme dando as soluções de como agiria caso estivesse para resolver esses desafios, certo?
Sinto muito em lhe desapontar, mas você jamais saberia o que seria conviver com os desafios os quais vivenciamos hoje se pensássemos no início desse ano, por mais que dissesse ter a saída a forma prática o dia a dia mostra outras saídas, saídas essas as quais você se surpreende todos os momentos e nós temos que nos adaptar.
Bem, mas por que você está escrevendo esse texto?
Vamos lá, ao longo dele você entenderá os objetivos.
Ouço lamúrias ou leio pelas redes sociais, vejo desespero que a muitos leva a morte. Muitos não aguentam o sofrimento e acabam sucumbindo em sua própria derrota. Estaria então Charles Darwin correto em suas análises de que os mais adaptados sobrevivem? Provavelmente sim.
É por esse olhar darwiniano que venho com esse texto para despertar essa força que tem no seu interior e por vezes você acredita ser o mais fraco dos seres humanos.
Como disse anteriormente, são lamúrias demais ao invés de buscar entender o quanto aprendes todos os dias com tudo isso.
Ah, mas você diz isso por ter uma vida mais sossegada no sentido de ter um emprego, ser assegurado por uma lei específica por ser funcionário público. Sim, já ouvi isso também. Já ouvi também dizerem que tenho sorte, esse último juro que me dói mais e deixa-me de certa forma um pouco irritado, principalmente para aqueles que nem de longe acompanharam a minha caminhada.
Ah, mas tu não conheces a minha vida, portanto não pode dizer o que tenho ou não a fazer.
Nem de longe quero dizer que somos iguais, jamais mediria as tuas dores com a régua das minhas, o que quero é apenas dizer o quanto tens força e quem sabe o exemplo que vivi não pode ser um norte para fazê-lo repensar as suas lamúrias.
Lembro-me de um tempo em que não tinha café em casa, não tinha almoço, a janta a mamãe conseguia quatro ovos e meio quilo de farinha d’água e isso servia de janta para doze pessoas na esperança que no próximo dia de manhã não teria café de novo, mas havia a esperança que iria melhorar. Não tinha também água encanada, tive que cavar poço e assim poder ter água em casa, já que o bem maior nós não tínhamos. Por um tempo tive que abandonar a escola por não ter como estudar com fome, tinha que fazer qualquer trabalho para ter ao menos uma refeição por dia. Sabe o que é pior, estava dentro de uma capital, lugar o qual eu pensava quando morava no campo ser o paraíso, na verdade foi aonde eu conheci o “inferno”, então precisava lutar com o “diabo”. E assim eu fiz.
Tive que me reinventar, adiei sonhos, chorei, me tornei adulto muito antes do tempo que deveria, aprendi algumas profissões, vendi bombom, matei galinha, vendi picolé, trabalhei em construção civil, de servente a pedreiro.
Mas tinha muito mais sonhos além daquela vida que eu não entendia porque acontecia. Diziam-me que era porque Deus assim queria algo que nunca aceitei, se for pra eu baixar a cabeça a um Deus que me faz sofrer eu prefiro andar sozinho. Mas não era Deus, meu sofrimento advinha dos próprios homens, das más decisões políticas que haviam sido tomadas pelos nossos gestores públicos desde D. Pedro I até a “nova” república.
Por vezes passava por minha cabeça em fazer besteira (roubar), queria ter ao menos o que comer e ver meus irmãos de barriga cheia, mas ao mesmo tempo eu pensava que não seria o correto fazer um erro para suprir outros erros.
Bem, eu batalhei, eu sobrevivi. Com certeza Charles Darwin diria que eu fui mais adaptado. Talvez sim, não sei. Alguns colegas não conseguiram se adaptar e muitos já morreram outros não conseguiram galgar degrau mais alto por diversos motivos, talvez porque não tiveram essa maleabilidade da adaptação acabaram se perdendo no meio do caminho.
Ah, antes que alguém pense que eu sou defensor da falta de oportunidade vou logo deixando o meu NÃO em caixa alta, jamais vou romantizar a falta de oportunidade, porém é preciso ter em meio a desgraça a força suficiente para se reinventar. Se vamos perder algumas batalhas? Não tenha dúvidas! Mas do que adianta ficar chorando sem reagir?
Então, nesse momento histórico não fique a reclamar e mesmo que reclame lute para remodelar tudo isso, busque sobreviver e inventar uma nova maneira de sorrir, afinal você tem esse poder da reinvenção.
Não vou me alongar mais, só vou mais uma vez deixar o recado a você que jamais baixe a guarda, a vida é bem maior do que choros ininterruptos. Chorar faz parte da vida, no entanto, os lenços foram inventados para enxugar suor e lágrimas e o sorriso de felicidade depende em quase cem por cento de você mesmo.
Levante a cabeça, use a força que tens, acredite em você e busque ser diferente, as lágrimas podem cair, todavia, jamais pode apagar o seu sorriso de felicidade pelas vitórias, a não ser que deixe isso acontecer.
 
 
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 08/06/2020
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