O VIAJANTE SOLITÁRIO NA ESTRADA DA AMARGURA
POR JOEL MARINHO
Aos deuses da poesia
Peço aqui inspiração
Que me deem sabedoria
E guiem as minhas mãos
Para versar esse causo
Com muita dedicação.
A história a qual me debruço
Não tem a ver com ninguém
Tudo aqui é ficção
Entretanto, se tocar alguém,
É mera coincidência
É sem intenção, porém!
Havia certo homem triste
Em uma era passada
O qual ficou conhecido
Como “Lobo da Estrada”
Por viajar pelo mundo
A pé em plena madrugada.
Por uma grande paixão
Que ele teve na vida
E que por algum motivo
A paixão foi destruída
Mas pra ele ainda havia
Essa paixão recolhida.
E em um dia qualquer
Encontrou seu ex-amor
Descendo da carruagem
Ele não aguentou
Parecia uma princesa
E o coração acelerou.
E naquela taquicardia
Viu sair da carruagem
Era outro príncipe mais novo
Só podia ser miragem
Nessa hora ele pensou
- Deus, por que eu fiz bobagem?
O sangue ferveu na veia
Quis falar a voz não saiu
E ao tentar levantar
Tropeçou quase caiu
Desembestou na carreira
Para se afogar no rio.
Porém lembrou que no rio
Para morrer afogado
Ia encharcar o sapato
E ficar todo molhado
Resolveu andar no mundo
Sem parar desembestado.
Andou a noite todinha
Que quase morreu cansado
Quando chegou a casinha
Onde ele estava hospedado
Caiu na cama e dormiu
Com o corpo anestesiado.
Quando acordou no outro dia
Ainda tentou se mexer
Gritou e ninguém ouviu
Pensou que ia morrer
Lembrando aquela cena
Queria voltar a beber.
Tentava mexer para o lado
Porém ficava pior
Uma junta fazia “trá”
A outra fazia “tró”
As pernas nem se mexiam
Estavam inchados os mocotós.
Andar por diversas léguas
Não foi coisa tão pequena
Porém o que mais doía
Era lembrar a tal cena
Ao descer da carruagem
Outro príncipe com a morena.
Dizia até ali
Ainda tenho esperança
Mas o mundo desabara
Perdeu toda a confiança
E lágrimas desciam dos olhos
Como chora uma criança.
Sucumbiu na solidão
Pobre homem solitário
Pensava consigo mesmo
Que destino ordinário
- Me diga meu Deus, por quê?
Vou virar celibatário.
A vida dele eu não sei
O que sucedeu dali pra frente
Dizem as más línguas que ele
Sumiu para o Oriente
Fundou um templo budista
E tornou-se um monge carente.
Essa história que contei
É apenas (ins)piração
Algo vindo da cabeça
Como mera ficção
Mas se tocar no seu eu
Eu não tenho culpa não.
E por aqui vou ficando
Preciso me libertar
Dessa história fictícia
E para o real voltar
Até a próxima história
Apareço a qualquer hora
Para outro causo contar.
JOEL MARINHO