Joel Marinho
Entre letras e versos
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O VÍRUS QUE NOS MALTRATA ESTÁ ALÉM DO COVID-19
POR JOEL MARINHO
 
Peço a Deus as condolências
As mais de setenta mil
Vidas que foram ceifadas
E deitaram no chão frio
Causada por esse vírus
Permanente no Brasil.
 
O vírus ao qual me refiro
Não é o covid dezenove
É outro ainda mais potente
Nem com bala se resolve
E que causa tanta dor
Aos parentes dos que morrem.
 
Trata-se de um vírus mal
Perpetuado na nação
No período colonial
Já fazia assombração
Ô “viruszinho” da peste
Essa tal corrupção.
 
O pior que essa peste
Tornou-se algo “normal”
Enraizado em frase
Para elogiar o mal
Mesmo causando desgraça
De forma descomunal.
 
Quem nunca ouviu a frase?
“Achado não é roubado
E aquele que perdeu
Era mesmo um descuidado”
E assim damos o aval
Pra esse mal desgraçado.
 
Outra frase que me afeta
É a da comparação
“Se o político roubou
Também vou meter a mão”
Justifica o injustificável
Cresce o bolo para o pão.
 
Assim formou-se o Brasil
Na corrupção do dia a dia
No qual temos consciência
Que vamos causar agonia
Mesmo assim nós praticamos
Essa aberração vadia.
 
Mesmo em meio à guerra
Com a pandemia sofrida
Momento de comoção
Pela perda de muitas vidas
Vêm os aproveitadores
De maneira “latrocida”.
 
Golpes grandes e pequenos
Tornaram-se corriqueiros
Milhões sendo desviados
Em bolsas, malas e paneiros,
Enriquecimento ilícito
Desses vis politiqueiros.
 
Esses roubos de milhões
Alguns são noticiados
Porém aqueles menores
Nem mesmo são computados
Mas causam a mesma desgraça
Que a de milhões desviados.
 
Vemos tantas falcatruas
Pela Caixa Federal
De tanta gente lesada
Tá virando festival
Muitos pobres que até hoje
Não viram a cor do real.
 
É corrupção aqui
E no Distrito Federal
Governos e prefeituras
Fizeram um carnaval
Pra comprar respiradores
Que não tinha em hospital.
 
Houve até governador*
Que comprou gato por lebre
Contratou uma “vinícola”
Parecia estar com febre
Transformou em respirador
Aquela adega fúnebre.
 
Esse milagre só li
Lá no livro dos cristãos
O que chamamos de Bíblia
No qual Jesus com os irmãos
Transformou água em vinho
Naquela consagração.
 
Até para o presidente
A coisa também está feia
Para salvar o filhinho
E livrá-lo da cadeia
Tenta mudar a PF
E com isso leva peia.
 
E eu não estou aqui
Pra salvaguardar ninguém
Cadeia aos que merecem
Isso é o que convém
Se errar que vá pagar
Pra ser um homem de bem.
 
Mais saímos lá do macro
Pra concentrarmos no micro
Como diz um colega meu
A vocês “eu como/Nico”
Que no nosso dia a dia
A corrupção é um aflito.
 
Vejam bem como é que é
O brasileiro é demais
Para não usar a máscara
Olha como ele faz
Coloca-a na testa
Achando-se o sagaz.
 
Para não cumprir a regra
Ele faz qualquer besteira
Nem que isso custe a vida
De sua família inteira
Ainda se acha o esperto
Por ter furado a “barreira”.
 
Quando vou ao supermercado
Mantenho o distanciamento
Nos lugares que estão marcados
Pra não haver sofrimento
Mas sempre existe aquele
Que mais parece um jumento.
 
Quer ficar é coladinho
E ainda falando besteira
Dá vontade de meter
Na cara uma focinheira
E dizer: cala essa boca!
Seu filho de “chocadeira”.
 
E como falei há pouco
Eles se acham espertos
E mete o pau no político
Só porque não estão pertos
Porém estão cometendo
Corrupção a céu aberto.
 
Infelizmente o conceito
Da infeliz corrupção
Aqui em nosso país
É pra político ladrão
Aquele ser que desvia
Do Estado mais de um milhão.
 
E acabamos esquecendo
Das coisas do dia a dia
Que quando eu “furo” a fila
De uma forma bem vadia
Cometo o mesmo crime
Do político que desvia.
 
E então quando pensares
Em cometer esses atos
Lembre que existe alguém
O qual vai “pagar o pato”
Pela sua “esperteza”
Alguém sofre isso é fato!
 
E o que não quero a mim
Eu não desejo a ninguém
Pois há a lei do retorno
E ela volta, ainda bem!
E nem sou religioso
Que acredita no além.
 
Isso é questão de caráter
Mas é também de mudança
Pois muitas corrupções
Aprendemos ainda criança
Como se fosse “normal”
Esse mal sem esperança.
 
Pergunta se sou corrupto?
Com certeza também sou
Porém eu paro e reflito
No sentimento de amor
Se não quero sofrimento
Por que causar noutro a dor?
 
E assim vou me curando
Desse mal que nos maltrata
Muito mais que o covid
Por ano essa peste mata
Quando há desvio de verbas
Ao povo serviços falta.
 
Se houver desvio de verbas
Por exemplo, da saúde,
Em um momento pandêmico
É esse Deus nos “acude”
Tudo está sucateado
Isso por culpa da fraude.
 
Vou ficando por aqui
Com a minha explanação
Reflita mais em seus atos
Não seja um grande vilão
Ajuste no dia a dia
Não venha com hipocrisia
Falar de corrupção.
Fim
 
Em breve esse cordel estará disponível em vídeo no nosso canal do YOUTUBE, aguarde! Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCGN_d5btQTu4rRFebRPFJfw?view_as=subscriber
 
*Esse caso está ocorrendo aqui no estado do Amazonas onde o governador Wilson Lima está sendo processado, inclusive passando pela formada de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis fraudes de dinheiro público, pois a empresa que fez a compra dos respiradores é na verdade uma distribuidora de vinho, por esse e por outros fatores o governador está correndo o risco até de sofrer um impeachment. Essa informação é para quem mora em outros Estados e que por algum motivo não acompanha os noticiários.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 13/07/2020
Alterado em 17/07/2020
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