É HORA DE REAGIR, FAVELA!
Quando as favelas reagem
Os falsos ricos reclamam
Conclamam por uma revolução.
Tão longe da escravidão
Que a Lei Áurea aboliu,
Mas o pensamento servil
Continuou, sempre existiu.
O pobre operário
Por ter um melhor salário
Já se sente empreendedor
E destila nas redes sociais
Veneno, ódio e ais
Contra os que ele acha inferior.
Pobre escravo que quando alforriado
Queria comprar a ele um escravo
E um sapato como diferenciação social
Dentro daquela estrutura
Os quais foram colocados, obrigados.
Os tempos são outros
Os escravos são outros,
Porém o pensamento
Quão próximo está
Daquele momento.
E assim a estrutura se mantém
O Brasil parece não ir além
De um mero aglomerado colonial.
Quanto a consciência de classe
Por Karl Marx um dia pensada
Foi transformada pelo núcleo do poder
Se tornou tão abstrato
E quando a favela reage de fato
Vem a demonização,
Isso não pode acontecer!
Gritam eles os “donos” do poder.
Ah se esse povo pudesse compreender
Quem na verdade é o dono da força
E está em maior número no tabuleiro
Abririam um grande berreiro
E dominariam a situação,
Mas que nada, falta união
Cada qual querendo seu quinhão
E assim sem comunhão são dominados.
Pobres coitados querem smartfones
E não mais como outrora um calçado
E assim se achando elite são escravizados
E outros dos seus também escravizando
Para na sociedade se sentir diferenciado.
Vem alguém e grita: a coisa está mudando!
Ledo engano, tudo está igual
A velha política, a lógica da “moral”
Dizem os mais ricos, está se acabando!
E que moral existiu nesse país tropical?
Basta ler um pouco da nossa História
Aquela que não se estuda nas escolas
Entendemos a moral de que se fala.
O senhor com seus filhos “bastardos”
Que não podiam ser apresentados
Por ser filho de uma escrava
Fruto de um estupro qualquer
Dentro ou fora da senzala.
É hora favela, hora de reagir
De quebrar as amarras
Destruir esse pensamento
Dos homens de “boas” famílias
De pais que guardavam as filhas
Para um bom casamento,
Sobretudo os que trouxessem dinheiro,
Mas de um jeito nojento
Violavam suas escravas.
É hora de reagir, favela!
Façamos das sequelas
A força para a vitória
Quanto a glória
Ela estar por vir,
Basta união, ação
E assim venceremos o monstro
Que ainda insiste em existir.
JOEL MARINHO