VIVENDO REMOTAMENTE
AUTOR: JOEL MARINHO
A vida tornou-se remota
Tudo é feito à distância
Vivo em desconfiança
De surgirem mais marmotas
De normalizarem um dia
Sexo por telepatia
E gravidez sem “ficança”
Adeus a velha cegonha
A mulher perde a vergonha
De mostrar nascendo a criança.
Vai ser esperado o momento
Da live para o namoro
Da live do primeiro choro
E a live do nascimento
Live pra ir a privada
E dar aquela c.....
E você vira a TV
O mundo todo ligado
E o povo conectado
Para julgarem você.
É o “Big Brother” da vida
Com direito a cancelamento
Se você por um momento
Cutucar qualquer ferida
Do nada se torna herói
E uma carreira constrói
Somente por uma fala
Mas se a palavra for feia
Pode até pegar cadeia
Ou ser alvo de uma bala.
Não venho aqui passar pano
A quem de fato é errado
Pague aquele que for culpado
Porém falo sem engano
Tudo existe um meio termo
E se julgarmos a ermo
Sem chance àquele que errar
Cairemos no precipício
E teremos um grande hospício
Para o “Bacamarte cuidar”.
Vivento remotamente
Nossa casa virou um “set”
E todo mundo se mete
Às vezes bem insolente
Tudo o que digo é gravado
Estou sempre monitorado
Vira meme minha imagem
Fiscais da fala e do corpo
Já estou pra ficar louco
Vivendo uma personagem.
Dia desses vi uma cena
Que me deixou assustado
O homem ficou pelado
E os colegas com pena
Ele foi surpreendido
Pensou que havia saído
Daquela reunião
O “mangará” balançando
E o povo todo gritando
Que cena horrível do cão!
A partir daquele dia
Eu fiquei com mais cuidado
Deixo tudo desligado
Pra não sofrer agonia
Aprender com erro alheio
Não é de fato tão feio
A não ser em quem doeu
Observe, por favor!
Pra não passar o horror
Que aquele “pobre” sofreu.
Quando deitar pra dormir
Esconde o teu celular
Pra que não possa encontrar
E sonambulando sair
Já pensou se tu sonhando
Alguém diz, vá me mandando
Evidências pra eu ter certeza
Que Deus do céu te ajude
Pra que tu não mandes nudes
Ao grupo de tua empresa.
Desliga o computador
E enrola todo num pano
E para não ter engano
Cobre a tv, por favor!
Isso são iguais a “Deus”
Procurando os filisteus
E aos hebreus entregar
Se vacilar com essas pragas
A tua vida se estraga
E jamais vai consertar.
O meu recado eu já dei
Segue quem quiser seguir
Porém se quiser cair
Não diga que não avisei
Muita gente ainda espera
Aquela tal besta fera
E ainda não se tocou
Que a única besta é você
E pra ti só não sofrer
Aperte a minha mão, por favor!