RECADO DO LOBO-GUARÁ
Eu vi um lobo andando
Pra lá e pra cá
Pela característica
Era o lobo-guará.
Uivava baixinho
Com jeito de choro
Sem nenhuma bravura
Era um manso cachorro.
Em dado momento me olhou
Abriu um sorriso triste e falou:
Meu senhor, meu senhor!
Será que os homens estão loucos?
A pouco me fizeram homenagem
Sem pagar direito usaram minha imagem
E em dinheiro me transformou.
Para fazer dinheiro derrubaram a mata
Distribuíram cargos numa grande mamata
E por minha espécie ninguém se preocupou.
Diga a eles, meu senhor, diga a eles!
Que eu sou o único exemplar que restou.
Naquela madrugada fria o galo cantou
Sobressaltado acordei daquele sonho louco
E o lobo-guará nunca mais aqui uivou.
JOEL MARINHO