Joel Marinho
Entre letras e versos
Textos
“O CORDEL ME SALVOU” (LEIA PARA SUA CRIANÇA)
AUTOR: JOEL MARINHO
Quem inventou o cordel
Foi mesmo um gênio danado
Pois dá para ler cantado
E rimar até fel com mel
Eu sou suspeito a falar
Porque fui me apaixonar
Desde a mais tenra infância
Mestre Chico lia os versos
E eu te juro, confesso
Ali fiz uma aliança.
Como eu não tinha escola
Ficava lisonjeado
Porque meu velho cansado
Dizia toca essa bola
Quando aos versos declamava
A minha alma chorava,
Mas era de alegria
Eu só queria aprender
Para aqueles cordéis eu ler
E viajar na magia.
Manasséis e Marili
Rosinha e Sebastião
Misterioso pavão
Tudo por ali se lia
Meu pai com pouco estudo
Conseguiu me mostrar tudo
Com aqueles simples versos
E eu na minha inocência
Achava na minha crença
Que percorria o universo.
Com oito anos de idade
Começou a minha História
Na ponta da palmatória
Onde estudava de tarde
Pois de manhã trabalhava
Na roça semente plantava
Com os ditados do meu avô
“Trabalho de menino é pouco,
No entanto, quem perde é louco”
Assim papai me criou.
Porém tudo o que eu queria
Era as letras soletrar
Não precisei apanhar
Passei por pouca agonia
A não ser na matemática
Que a mim nunca foi simpática
Por ela criei aversão
Pois toda palmatorada
Nas minhas mãos calejadas
Sangrava meu coração.
Queria mesmo era ler
As estórias do cordel
Me tornar leitor fiel
Rasguei carta de ABC
Na lição era o primeiro
E era sempre certeiro
Passei no meio do ano
A professora elogiava
E aquilo só me tornava
Navegador no oceano.
Assim segui minha trilha
Desenvolvi de repente
Queria me tornar “gente”
Ser o herói da família
Porém pobre no Brasil
Se não morreu desistiu
Pois ouvia a todo segundo
Pobre nasceu pra batalha
Estuda quem não trabalha
Estudante é vagabundo.
Eu sofri as consequências
Como todo brasileiro
Que batalha o dia inteiro
Porém tive paciência
De esperar uma chance
Que tivesse ao meu alcance
Até que um dia achei
Já com mais de trinta anos
Me fiz de super humano
Pra chegar onde eu cheguei.
Mas a vida não está mansa
Ainda estou na batalha
Pois quem estuda e trabalha
Todos os dias se cansa
Todavia o que já passei
Tenho hoje vida de “rei”
Ao menos o alimento
Já morei em invasão
Passei mais fome que o cão
E já dormi no relento.
Então virei professor
Por gostar tanto de História
E escrever a memória
Do homem trabalhador
Agradeço a muita gente
Por ter me dado a semente
Que plantei sem dar um ai
Porém a maior lição
Eu aprendi com o Chico
Meu velho e querido pai.
E eu levei tempo demais
Para aprender essa lição
Talvez falhei na missão
Que aprendi do meu pai
De ler mais para meus filhos
Talvez pelos empecilhos
No tempo de suas infâncias
Pra você que é mãe ou pai
Aqui meu conselho vai
Leia pra sua criança.
Tudo que tenho na vida
É o meu conhecimento
Posso morrer no momento
Que não carrego ferida
Meu pai me deu o caminho
Sua leitura era o carinho
De outra forma não aprendeu
Mesmo com todo defeito
É o meu herói perfeito
Tudo o que tinha me deu.
Porém jamais eu esqueço
Os conselhos da velhinha
Minha mãe, minha rainha
Que até hoje obedeço
Jamais me negou amor
E na rigidez moldou
O homem que me tornei
Minha maior heroína
Feita pelas mãos divina
Se há mãe melhor não sei.
Mesmo com pouco estudo
Cuidou de todos os filhos
E jamais saiu do trilho
Sabia cuidar de tudo
Por minha conta trancou
Todos os sonhos que sonhou
E a chance que a vida lhe deu
Era ser mãe de família
Cuidar de filhos e filhas
Reconheço o esforço seu.
Mesmo em meio da pobreza
As vezes sem ter comida
A desnutrição sofrida
Por não ter nada na mesa
Eu fui de encontro a morte
Lutando até contra a sorte
Nesse sistema cruel
Mas hoje posso dizer
Que eu aprendi a ler
E até escrever cordel.
AUTOR: JOEL MARINHO
Quem inventou o cordel
Foi mesmo um gênio danado
Pois dá para ler cantado
E rimar até fel com mel
Eu sou suspeito a falar
Porque fui me apaixonar
Desde a mais tenra infância
Mestre Chico lia os versos
E eu te juro, confesso
Ali fiz uma aliança.
Como eu não tinha escola
Ficava lisonjeado
Porque meu velho cansado
Dizia toca essa bola
Quando aos versos declamava
A minha alma chorava,
Mas era de alegria
Eu só queria aprender
Para aqueles cordéis eu ler
E viajar na magia.
Manasséis e Marili
Rosinha e Sebastião
Misterioso pavão
Tudo por ali se lia
Meu pai com pouco estudo
Conseguiu me mostrar tudo
Com aqueles simples versos
E eu na minha inocência
Achava na minha crença
Que percorria o universo.
Com oito anos de idade
Começou a minha História
Na ponta da palmatória
Onde estudava de tarde
Pois de manhã trabalhava
Na roça semente plantava
Com os ditados do meu avô
“Trabalho de menino é pouco,
No entanto, quem perde é louco”
Assim papai me criou.
Porém tudo o que eu queria
Era as letras soletrar
Não precisei apanhar
Passei por pouca agonia
A não ser na matemática
Que a mim nunca foi simpática
Por ela criei aversão
Pois toda palmatorada
Nas minhas mãos calejadas
Sangrava meu coração.
Queria mesmo era ler
As estórias do cordel
Me tornar leitor fiel
Rasguei carta de ABC
Na lição era o primeiro
E era sempre certeiro
Passei no meio do ano
A professora elogiava
E aquilo só me tornava
Navegador no oceano.
Assim segui minha trilha
Desenvolvi de repente
Queria me tornar “gente”
Ser o herói da família
Porém pobre no Brasil
Se não morreu desistiu
Pois ouvia a todo segundo
Pobre nasceu pra batalha
Estuda quem não trabalha
Estudante é vagabundo.
Eu sofri as consequências
Como todo brasileiro
Que batalha o dia inteiro
Porém tive paciência
De esperar uma chance
Que tivesse ao meu alcance
Até que um dia achei
Já com mais de trinta anos
Me fiz de super humano
Pra chegar onde eu cheguei.
Mas a vida não está mansa
Ainda estou na batalha
Pois quem estuda e trabalha
Todos os dias se cansa
Todavia o que já passei
Tenho hoje vida de “rei”
Ao menos o alimento
Já morei em invasão
Passei mais fome que o cão
E já dormi no relento.
Então virei professor
Por gostar tanto de História
E escrever a memória
Do homem trabalhador
Agradeço a muita gente
Por ter me dado a semente
Que plantei sem dar um ai
Porém a maior lição
Eu aprendi com o Chico
Meu velho e querido pai.
E eu levei tempo demais
Para aprender essa lição
Talvez falhei na missão
Que aprendi do meu pai
De ler mais para meus filhos
Talvez pelos empecilhos
No tempo de suas infâncias
Pra você que é mãe ou pai
Aqui meu conselho vai
Leia pra sua criança.
Tudo que tenho na vida
É o meu conhecimento
Posso morrer no momento
Que não carrego ferida
Meu pai me deu o caminho
Sua leitura era o carinho
De outra forma não aprendeu
Mesmo com todo defeito
É o meu herói perfeito
Tudo o que tinha me deu.
Porém jamais eu esqueço
Os conselhos da velhinha
Minha mãe, minha rainha
Que até hoje obedeço
Jamais me negou amor
E na rigidez moldou
O homem que me tornei
Minha maior heroína
Feita pelas mãos divina
Se há mãe melhor não sei.
Mesmo com pouco estudo
Cuidou de todos os filhos
E jamais saiu do trilho
Sabia cuidar de tudo
Por minha conta trancou
Todos os sonhos que sonhou
E a chance que a vida lhe deu
Era ser mãe de família
Cuidar de filhos e filhas
Reconheço o esforço seu.
Mesmo em meio da pobreza
As vezes sem ter comida
A desnutrição sofrida
Por não ter nada na mesa
Eu fui de encontro a morte
Lutando até contra a sorte
Nesse sistema cruel
Mas hoje posso dizer
Que eu aprendi a ler
E até escrever cordel.
Não há nada mais divino nesse mundo que ler para uma criança. Se todo pai, mãe, tios, avós entendessem isso com toda certeza o mundo seria muito melhor porque as pessoas se tornariam melhores. O ato de contar histórias e estórias mexe no imaginário e faz com que a criatividade e a curiosidade sejam aguçadas na imagem memorial da criança. Se você é pai, mãe, tio ou mora com uma criança experimente fazer isso ao invés de dar um celular onde as imagens já estão formadas e não precisa mais pensar para que elas se formem. Eu o desafio a fazer isso!
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 04/06/2021
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