“NÃO DISCUTA COM BURROS”. (FÁBULA, UMA RELEITURA EM CORDEL)
AUTOR: JOEL MARINHO Estava o burro e o tigre Numa enorme confusão Eles foram ao rei leão Que falou alto, não briguem O que é que está pegando? Foi logo o tigre explicando Esse burro tá maluco Falou que é azul a grama Esse filho da disgrama Virou um velho caduco. O leão disse te acalma É dá a tua opinião Se a grama é azul ou não Fale do fundo da alma O tigre olhou pra parede E gritou a grama é verde A minha vista é normal Não aguento mais esse burro Vou encher ele de murro Mandar pra seu ancestral. Nessa altura o rei leão Olhou sério para o burro Depois soltou um esturro E disse, presta a atenção Não me enrola nem reclama Qual é mesmo a cor da grama? Ele disse, sim senhor É azul, não me denigre O leão disse ao tigre O “miserávi” acertou. O tigre ficou zangado E foi pra cima do burro O leão deu outro esturro Deixando o tigre acuado E gritou para os macacos Prendam esse tigre velhaco Disse, burro vá embora! E daqui desapareça Antes que eu me aborreça E arranque a tua cabeça fora. Foi-se o burro satisfeito Com o ar de ganhador Disse o tigre se lascou E levou tapa nos peitos Porque a grama é azul Branco é o urubu E disso a mim ninguém tira Pois assim é o fanático Afirma que é quente o ártico E dissemina a mentira. Mas vamos falar do tigre Com sua convicção Tenho sangue de leão! Estou certo, sou um ligre Era um leão o meu pai E eu não erro jamais Quero apenas poder Conversar com o meu rei Pra saber onde eu errei Para tanto padecer. As lamúrias do coitado Chegou ao imperador E então ele ordenou Tragam o súdito abobalhado O tigre chegou mansinho E disse meu senhorzinho Se eu errei peço perdão Mas dizer que é azul a grama Só aumenta mais meu drama Diga se estou certo ou não. O rei disse, sim e não E não me faça mais isso Se não lhe arranco o tutiço Tu tens sangue de leão Não me faça essa vergonha Com essa forma bisonha Você merecia uns murros Jamais seja inconsequente Você é inteligente Pra tá teimando com burro. Todos sabem a cor da grama É como água pra sede A grama sempre foi verde Porém se um burro conclama Gritando de norte a sul Que a cor da grama é azul Não terás que combater Se você teimar com um tolo Estará no mesmo bolo No fim o burro é você. Se ele diz, a terra é plana Não vá dizer que é elíptico Pois seu cérebro paralítico Vai lhe dar uma banana Porque não tem argumento Você perderá seu tempo E também sua saliva O burro é um ser insolente Do jumento ele é parente Sua comida é maniva. Depois de ouvir calado O conselho do seu rei Disse o tigre, agora sei Vou andar com mais cuidado Eu aprendi a lição Pois o meu pai é leão E minha mãe é tigresa Não me envolvo com bagulho Vou dar aos velhos orgulho Sou membro da realeza. Deixei aqui o recado De um humilde poeta Não seja assim tão pateta Como o tigre bitolado Jamais teime com um burro E nem fale com sussurro É bem melhor nem falar Pois todo burro é fanático Tende a ser sempre estático E promete jamais mudar. Não é à toa que o burro Nasceu pra carregar carga Sua vida é sempre amarga E só aprendeu dar urro E pra ficar mais ruim Vive comendo capim Com a cabeça rente ao chão É moleque de recado Vai ser sempre comandado E jamais será leão. Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 08/06/2021
Alterado em 25/08/2021 |