Joel Marinho
Entre letras e versos
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A HISTÓRIA DE UM CARA AZARADO (todo castigo pra corno é pouco)
Essa estória é “verdadeira”
Não sou de papo furado
E se não acreditar
Tá lá do Google anotado
Só precisa pesquisar
Se você não encontrar
Talvez já tenham apagado.
 
Um namorado azarado
Conhecido por Romão
Foi logo se apaixonar
Por Ferônia Voz de Trovão
Que tinha um metro e noventa
Um palmo de pau de venta
Pense numa assombração.
 
Quando Romão descobriu
Que comprou gato por lebre
Já estava muito tarde
Era paixão de dar febre
Já chamava de amor
A todo mundo falou
Vou levar ao meu casebre.
 
E com menos de dois meses
Os dois estavam “casados”
Juntaram os “panos de bunda”
Só andavam encangado
Era um casal diferente
Porém o amor nascente
Foi por muitos desejado.
 
Porém com menos de um ano
Veio o desentendimento
Ferônia Voz de Trovão
Mostrou logo o seu intento
Expulsou Romão de casa
Gritando dizia, vaza
Seu filhote de jumento.
 
O rapaz ganhou o mundo
Com tristeza e depressão
Queria porque queria
Ferônia Voz de Trovão
Foi procurar um pajé
Com muita esperança e fé
Gastou logo um dinheirão.
 
O pajé falsificado
Levou duzentos reais
Com muita convicção
Dizia, fé meu rapaz!
Deixe o sonho criar asas
Vai voltar pra sua casa
E nunca vai sofrer mais.
 
Porém o tempo passou
E não aconteceu nada
O pobre Romão chorando
Querendo ver sua amada
Mas tudo dava ao contrário
E ele com cara de otário
Levou mais uma “facada”.
 
Quando a notícia espalhou
Ferônia Voz de Trovão
Arrumara outro boy
Desabou feio Romão
Foi a casa do pajé
E disse seu Zé Mané
Me devolve o duzentão.
 
O pajé ficou foi brabo
Disse eu vou é te dar peia
Cai fora da minha casa
Que a coisa vai ficar feia
No máximo te dou cinquenta
E ver se não mais inventa,
Pois te ponho na cadeia.
 
Sem ter mais o que fazer
Pegou cinquenta reais
Dali saiu praguejando
Seu filho do Satanás
Vá pro quinto dos infernos
E pague no fogo eterno
Por esse mal que me faz.
 
E saiu dali danado
Sem ter nenhum paradeiro
Não tinha onde morar
E quase sem ter dinheiro
Só com os cinquenta contos
De fome ele estava tonto
Que causava desespero.
 
E de tão desesperado
Querendo voltar pra casa
Começou a ter delírio
A imaginação criou asas
Foi quando leu um cartaz
Dizendo eu sou capaz
Até de pisar em brasa.
 
Cartomante a toda hora
Pra tirar sua agonia
Amarra e desamarra
Qualquer tipo de magia
Se caso sofrer derrota
Tem seu dinheiro de volta
Ou seu amor em três dias.
 
Os olhos cheios de lágrimas
Viu surgir a esperança
Pensou, só tenho cinquenta,
Mas quem luta sempre alcança
Pegou logo o endereço
E nem quis saber do preço
E partiu com confiança.
 
Encontrou uma tendinha
Dentro dela uma cigana
Ele disse para ela
Por favor, não me engana!
Ela com doce sorriso
Disse aqui tudo é preciso
E não trabalho por grana.
 
Basta você ajudar
Com aquilo que tier
Foi isso suficiente
Pra Romão voltar à fé
Disse eu só tenho cinquenta
Ela falou, não esquenta
É só isso que deus quer.
 
Ele entregou os cinquenta
Com a maior convicção
De poder dar um alívio
Ao sofredor coração
Acabar sua revolta
Ter seu grande amor de volta
Ferônia Voz de Trovão.
 
Não saiu pra muito longe
Ficou sempre ali por perto
A história do pajé
Lhe deixou de olho aberto
Pediu água e comida
Para se manter com vida
Mesmo vivendo em aperto.
 
A cigana disse a ele
Em três dias sua Ferônia
Vem chorando aos seus pés
Por favor, não se oponha
E se isso não der certo
Eu volverei decerto
Seus cinquenta, sem vergonha.
 
Assim no terceiro dia
Acordou de madrugada
Debaixo do viaduto
Quase não dormia nada
E com muita ansiedade
Dizia mato a saudade
De Ferônia minha amada.
 
Ao amanhecer o dia
Ele ficou esperando
No lugar que a cigana
Amanheceu apontando
Ele roubou uma flor
Para dar ao seu amor
Com alegria foi cantando.
 
Deu meio dia e nada
De Ferônia aparecer
As cinco horas da tarde
Já estava pra morrer
Ele já desesperado
Será que fui enganado?
Vendo aquilo acontecer.
 
Já perdida a paciência
Foi a tenda da cigana
Com muito ódio no olhar
A mim ninguém mais engana
Cuspindo fogo da venta
Disse pego os meus cinquenta
E tomo tudo de cana.
 
Porém no lugar da tenta
Havia um grande vazio
Disse ele eu fui roubado
Chorou que encheu um rio
Pois pela terceira vez
Alguém de trouxa lhe fez
Só lhe restou o chão frio.
 
Assim Romão sucumbiu
Na vida da mendigagem
Perdeu a sua casinha
Pra quem amou de verdade
Aceitou a condição
De Ferônia Voz de Trovão
Que só lhe fez falsidade.
 
E com o tempo perdeu
Da vida qualquer sentido
Virou mais um ser vagando
Pelas ruas indo e vindo
Perdeu sua identidade
E a sua sanidade
Virou mais um ser sofrido.
 
Camões disse que o amor
É fogo que arde sem se ver
Por isso eu te digo amigo
Não vá cair sem querer
O mel que adoça a gente
Pode tornar inferno quente
E no fogo vai arder.
 
Até amar tem limite
Para não virar doença,
Pois se chega a esse ponto
Vai-se humor e paciência
Tem a liberdade tolhida
Perde o sentido da vida
Nos leva a total falência.

Fica essa grande lição
De quem amou como um louco
Entregou a sua vida
E acabou sem nenhum troco
Pra você ficar ligado
Nos diz o velho ditado
"Todo castigo pra corno épouco".

-FIM-
Inspirado na poesia "Aprendi até..." do poeta Beto Bp. 

 
 
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 11/06/2021
Alterado em 12/06/2021
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