O LEÃO E O RATO (Fábula de Esopo adaptado em cordel)
POR JOEL MARINHO Pelos caminhos da vida Jamais cometa maldade Tenha sempre humildade Na chegada e na partida Se o mais fraco pede ajuda Com carinho lhe acuda Soberba pode o matar Nunca sabemos o dia Que em meio a agonia Do outro vamos precisar. Certa vez o rei Leão Logo depois de almoçar Deitou para repousar Naquele suave chão De caçar estava cansado E dormiu despreocupado Um sono merecedor Quando um pequeno ratinho Cruzou o fatal caminho Sem querer o acordou. Levou um susto danado Prendeu o rato entre as patas De uma forma insensata Deixou o rato assustado Gritava, ó rei Leão Perdoa esse bobalhão! Por eu o ter acordado Juro que foi sem querer Deixe por favor viver! Esse súdito desastrado. O Leão lhe perguntou Por que deixaria viver? Um mísero e supérfluo ser Que me acordar ousou Pois eu sou o grande rei Todas artimanhas sei Pra vencer os inimigos Então diga pobre rato Qual seria o nobre fato De te ter como amigo? O rato trêmulo de medo Não conseguia falar Só lhe restou lagrimar Com o peso daqueles dedos O leão deu um sorriso Olhou de um jeito preciso Disse a ele vá embora Vá e não peques mais E não me deixe voraz Se houver próxima nem implora. O ratinho agradeceu Muito obrigado meu rei Juro não mais falharei E dali desapareceu Voltou a dormir o Leão Sem muita preocupação Confiava em sua nobreza Na selva era quem mandava E ninguém o encarava Para testar sua destreza. Mais um dia apareceu Naquela selva distante Um ser frágil e inconstante Homem era o nome seu Era o rei da insistência Além de inteligência Espreitando como um cão Dizia o rei da selva Se esse bicho quer guerra Vai ter guerra com o Leão. Mal sabia o rei Leão Das artimanhas do homem Que só temia a fome E era cheio de invenção Marcou do Leão a trilha E fez uma armadilha Com a mais pura ciência E o Leão convencido De ao homem ter vencido Caiu na própria inocência. Esturrando bateu no peito Quem manda aqui sou eu Pensou que a mim venceu Se ferrou esse sujeito E andando convencido Quando se viu envolvido Em uma espécie de rede Lutou ali pendurado E foi ficando cansado Com fome, calor e sede. Foi quando ele viu o rato Subir naquela armadilha Chamando a sua família Roendo a rede no ato Naquela força tarefa Todos roíam com pressa Libertaram o rei Leão Ao sentir a liberdade Chorou de felicidade Quando despencou ao chão. Com o orgulho ferido Reconheceu sua fraqueza E viu que toda nobreza De nada o tinha servido Mesmo sendo o rei da selva Viu a morte sobre a relva Com um sinistro sorriso E um ser insignificante O libertou num instante De outro rei mais preciso. A partir daquele dia O Leão reconheceu E àquele ratinho deu O cargo que merecia Mantenho aqui o registro Para Primeiro Ministro Foi o rato empossado Na falta do rei Leão Ele é quem diz sim ou não Em todo aquele reinado. E aqui fica o recado A você sem humildade Que só ver sua verdade E aos outros tem desprezado Só para alertar você Até um pequeno ser Que aparenta sem serventia Pode ser sua esperança E se tiver confiança Pode lhe salvar um dia. Então não pise em ninguém Julgando-se o maioral Pois se um dia tiver mal Pode lhe salvar também Imagine se o Leão Fosse um pouco mais turrão E tivesse matado o rato O homem o tinha comido Na armadilha envolvido Acabaria no prato. Pois todo ser existente Do pequeno ao mais gigante Com ar de insignificante Poderá ser excelente Nunca despreze ninguém Porque um dia a conta vem E é você quem vai pagar Cultive todos amigos Jamais faça inimigos Se pode um dia precisar. Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 15/06/2021
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