A MORTE COMO ESPETÁCULO
POR JOEL MARINHO
A morte seja talvez o maior segredo da vida e por ser segredo se torna tão misteriosa e amedrontadora.
Eu particularmente não tenho medo da morte, porém não quero me encontrar com ela tão cedo, pois penso que a vida seja algo tão extraordinário e lindo incapaz de haver outra coisa melhor a acontecer. Enfim, não tenho medo da morte, mas a odeio porque ela é chata e traz tristeza, mas há quem nela veja esperança, no caso dos suicidas ou os que a ela procuram até encontra-la, eu por minha vez vou continuar discordando destes, mas respeitando-os por suas escolhas.
Ultimamente a morte se tornou algo tão familiar, parece até que nos acostumarmos, há inclusive quem vibre com ela. Uma pandemia que já ceifou mais de meio milhão de vidas só no Brasil deixa a cada dia mais amortecidos nossos sentimentos com relação a esse acontecimento tão duro, principalmente aos familiares e amigos dos que se vão, porém já não nos incomodamos tanto com isso.
Por fim a morte se tornou um grande espetáculo dos horrores retirando dos humanos o pouco sentimento o qual ainda nos resta, o amor ao próximo.
Eu vi ultimamente sendo televisionado em forma de espetáculo a morte de cinco pessoas de uma mesma família como se fosse uma novela em horário nobre ou um filme de terror em busca das estatuetas do Oscar, em seguida a caçada dia e noite do meliante cometedor do crime sendo transmitida ao vivo como se fosse um programa de reality show até o desfecho final da História, ou não. Tem tantas coisas nessa História envolvida que temo não terá fim.
O Brasil inteiro ligado nos acontecimentos, os ataques do assassino, as manobras da polícia, tudo filmado em tempo real pela televisão ou por moradores com seus celulares de última geração querendo um “furo de reportagem”. No início da semana (28/06/2021) chegamos ao fim, no desfecho dessa História tão surreal, seja por conta dos acontecimentos, seja pela maneira em que foi conduzida.
Mas estava lá um ser humano abatido e crivado de balas para dar maior ênfase ao acontecimento, enquanto milhões de brasileiros vibravam de forma estonteante o espetáculo dos horrores, comemoravam como se fosse um gol de placa feito pela seleção brasileira em uma final de copa do mundo.
Longe de mim aqui procurar certo ou errado, sou apenas também um espectador olhando de longe o desenrolar dessa situação, mas juro que não vibrei e nem vibrarei pela morte de ninguém, seja por violência ou natural, afinal ainda acredito na vida.
Não me considero de fato cristão por não seguir à risca os preceitos do cristianismo, porém gosto muito das ideias de Jesus Cristo de paz e amor e assim sendo eu jamais me sentiria bem com a morte de quem quer que seja, pois se um dia isso acontecer eu perderei a última gota de sentimento bom humano e também me tornarei tão “mostro” quanto aquele o qual eu taxarei por “monstro” e a isso eu não quero chegar.
Ainda quero continuar sentindo essa dor de sofrimento com a perda da vida humana e resguardando em mim o que de há mais sagrado de sentimento humano que é o amor ao próximo.
Quem vibra pela morte de quem quer que seja e se diz cristão, no mínimo não entendeu uma vírgula dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Eu prefiro ser um “ateu” seguidor dos ensinamentos de Cristo, da paz e do amor” a ser um cristão que vibra pela morte de outro ser humano.