Joel Marinho
Entre letras e versos
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LAICIDADE OU “PIADAICIDADE”? (O PAÍS DAS PIADAS DE MAU GOSTO)
POR JOEL MARINHO
Não é de hoje que esse assunto me intriga e por vezes me dá nos nervos.
De acordo a nossa Carta Magna de 1988, no Brasil há liberdade de expressão religiosa independente do credo ou da religião e isso é sem dúvidas umas das melhores liberdades as quais podemos gozar e até aí do meu ponto de vista tudo bem, afinal o povo brasileiro tem em sua formação uma infinidade de crenças religiosas e cada uma delas são válidas e assim deve ser.
Mas bem, por que então essa minha “implicância” com relação a laicidade brasileira?
É porque quando vou estudar sobre o conceito de Estado Laico não consigo entender a grande contradição. Segundo o conceito um estado laico é aquele que tem em sua essência a separação do Estado com qualquer instituição religiosa e isso é o que não vejo dentro de nossas instituições estatais.
Em quase todos os órgãos públicos os quais tenho a oportunidade de entrar lá está uma cruz do cristianismo e geralmente uma Bíblia aberta em algum Salmo. Implicância minha com o cristianismo e com seus seguidores? Absolutamente não, eu também venho dessa corrente cristã mesmo não me considerando um cristão completo e assim como todas as outras religiões o cristianismo é lindo e muito válido a quem acredita.
Meu grande problema é de fato com a contradição. Laicidade e realidade no Brasil está longe de ser uma rima perfeita. Na verdade, já começou pela própria forma como a Constituição foi promulgada “em nome de deus”.
Que deus, cara pálida?
Se queria realmente absorver todas as religiões e crenças por que esse “deus” não veio no plural visto sermos um povo plural no sentido religioso?
Para completar esse absurdo do circo dos horrores hoje temos uma quantidade de pastores e padres ocupando cargos políticos os quais promovem um verdadeiro ato religioso dentro das instituições com a realização de cultos, rezas e orações esquecendo de fato os objetivos daquele lugar e o próprio papel deles ali dentro que é defender o povo e não pregar evangelho, para isso existem as instituições específicas, as igrejas. Instituições essas que já tem grandes privilégios como por exemplo, a imunidade tributária, que os isentam de pagar vários impostos.
Nem entrarei no mérito dos ensinamentos de Jesus Cristo quando expulsou do templo os fariseus usurpadores dos menos favorecidos em nome de um “deus” descrito no próprio livro sagrado dos cristãos, a Bíblia, pois esse não é meu objetivo aqui, é apenas para lembrar os ditos cristãos do quão longe estão de Cristo ao promover esse tipo de presepada.
Se sou contra o cristianismo? Mais uma vez reafirmo; de modo algum! Assim como não sou contra o budismo, o islamismo, o judaísmo, as religiões de matrizes africana ou indígena, ao ateísmo, não, absolutamente não sou contra essas ou quaisquer outras correntes religiosas, apenas penso ser um absurdo quando se promove uma só dessas correntes em detrimento de todas as outras, mais ainda, quando não se sabe separar a vida particular da vida pública ou simplesmente não conseguem entender o conceito de laicidade.
Afinal de contas somos um “Estado Laico”, porém com o cristianismo comandando as instituições ditas laicas. Enfim, a hipocrisia! E o conceito de laicidade pode ser “reconceituado” no Brasil como “piadaicidade”.
Brasil, um Estado onde até o conceito de laicidade se torna uma grande piada, diga-se de passagem, de péssimo gosto.
 
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 02/08/2021
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