Joel Marinho
Entre letras e versos
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PÃO E CIRCO OU ANACRONISMO HISTÓRICO? (Os meios mudaram, mas a prática é a mesma, o espetáculo como ápice)!

POR JOEL MARINHO

Serei breve com esta minha crônica, pois não quero ocupar muito seu tempo, afinal ler no Brasil é um “privilégio” para poucos e escrever texto grande é no mínimo insanidade, ou seja, escritor neste país está fadado a morrer de fome caso tenha apenas a letra como meio de sobrevivência.

Bem, mas o motivo do meu texto não é criticar a falta de leitura do brasileiro, mesmo que seja isso o principal motivo  de quase todas as aberrações ocorridas nesse país, a falta de conhecimento sócio-político-histórico, afinal a falta de leitura nos torna alienados capaz de acreditar em mula sem cabeça e papai Noel descendo do céu com renas e trenó com aquela velha veste vermelha e quente no calor escaldante do Amazonas.

Por falar em Amazonas é sobre isso que quero falar, não exatamente do Amazonas, mas do que ocorre em nossa terra, o fenômeno conhecido por “Pão e Circo”.

Anacrônico? Bem que eu queria estar sendo e para muitos historiadores esse é um “pecado” passível de “punição” para quem escreve a História, bem que eu queria estar cometendo um anacronismo, mas infelizmente não estou, é fato recorrente em nossos dias aos moldes das festas romanas iniciado no período de Otávio Augusto, criador da política de “Pão e Circo”, onde era distribuído pão nos intervalos das lutas de gladiadores, geralmente após o lutador perdedor ser executado pelo oponente enquanto o povo em êxtase gritava e aplaudia o horripilante espetáculo esperando a “dádiva” do “deus” general.

É, os tempos realmente são outros, não há mais lutas até a morte com banho de sangue e nem distribuição de pão no sentido literal, mas o espetáculo continua da mesma forma e é nisso que vou me deter a falar agora.

Nos últimos meses o governador do Estado do Amazonas criou um cenário de fantasia e sensacionalismo em torno de um direito por lei aos profissionais da educação, o rateio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). Aliás, sensacionalismo barato é tudo que o dirigente maior do Estado do Amazonas atual sabe fazer, vide ao tipo de programa televisivo que tornou ele popular por essa terra.

Vimos nesses últimos dias um verdadeiro escarcéu em vários sentidos, uma festa sem precedente com a “COISA PÚBLICA” como se fosse de propriedade particular do próprio governador.

Ah sim, talvez você não esteja familiarizado com esse conceito, por isso recorri o Vade Mecum Brasil para explicar o que é “COISA PÚBLICA”.

“É toda aquela que se acha compreendida no patrimônio do Estado, ou outra entidade de direito público, ou se destina a satisfazer a necessidade da coletividade”.

Pois bem, o que vimos aqui foi uma farra com o dinheiro público.

Poxa, mas ele entrou para a história do Amazonas como o governador que pagou o maior FUNDEB. Sim, e sou muito agradecido por esse dinheiro, afinal de contas eu e todos os colegas de trabalho lutamos incansavelmente para ganhar e por isso ficamos deveras felizes, mas não é isso que está em jogo.

Se fosse em um país que realmente as leis fossem levadas a sério ele seria enquadrado em pelo menos em um crime, o de fazer campanha eleitoral antecipada e se utilizando da “COISA PÚBLICA”, além de causar aglomeração em um momento que a maioria das pessoas ainda são privadas de fazer determinadas coisas por conta de um decreto expedido por ele mesmo.

Enfim, o que vimos foi de fato um “brincante” que ama estar na frente de câmeras fazendo a única coisa que sabe fazer, sensacionalismo barato e dessa vez aproveitando-se de uma oportunidade para se colocar como o cara “salvador” dos trabalhadores da educação, talvez na tentativa de nos fazer esquecer aqueles mais de quarenta e cinco dias de greve onde o “salvador” massacrou até o último momento nossa categoria para enfim negociar.

Ora essa, agora aparece como amiguinho da educação. Aqui não, ao menos comigo, estou deveras feliz pelo abono muito precisado, mas pensar que eu esqueci esses três últimos anos jamais e não cairei nesse joguinho politiqueiro que infelizmente não é uma prática exclusiva desse governador, é uma prática de todo politiqueiro deste país.

Seria tão fácil conceder o abono sem estapafúrdia, bastava apenas uma assinatura da sua própria casa e assim evitaria aglomeração e falácias, mas como disse, quem gosta de sensacionalismo jamais se permitiria passar por uma oportunidade de aparecer e ficar calado.

Espero que meus colegas ainda se lembrem das lutas debaixo de sol e chuva em busca de melhores condições salariais na última greve. Não será possível assistir “bestializado a tudo isso”, para citar Aristides Lobo sobre a Proclamação da República e não fazermos nada, afinal qual será o legado que queremos deixar aos nossos alunos? De professores que lutam para acabar com as falcatruas e balelas de políticos desqualificados e oportunistas ou de professores que se calam frente a esse tipo de descompromisso com a “COISA PÚBLICA” e envolvimento com a corrupção? Nem vou falar da pandemia e nas compras de respiradores em loja que vende vinho pelo excelentíssimo governador do Estado do Amazonas.

Que comemoremos por termos ganho esse dinheiro suado e merecidamente, porém que jamais nos acovardemos diante de tal aberração como se fosse o certo, este repetido ciclo desde o Império Romano, esta maldita política do “PÃO E CIRCO”.

 

 

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 15/12/2021
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