Joel Marinho

Entre letras e versos

Textos

A INVEJA É UMA DROGA ALIMENTADORA DE PESSOAS COM MÁ ÍNDOLE

POR JOEL MARINHO

Querida,

Foi muito cruel aquela despedida, jamais superei os traumas e as feridas causadas como câncer maligno em meu coração. Sempre em meu desespero regado de choro tão amargo quanto uma gota de Bitrex queria entender essa ruptura tão abrupta que me levou a lona nocauteado e sem nenhum sentido.

Todos esses últimos trinta anos eu apenas relutei para sobreviver nesta indigesta realidade sem futuro e sem saber de nenhuma notícia sua, o porquê de ter ido embora abandonando tudo aquilo que fora construído por nós dois, sobretudo o amor lindo e sólido admirado por todos os nossos conhecidos e visto como perfeito. A bem da verdade eu também achava totalmente perfeito.

Foi por acaso que hoje depois desse tempo relutando resolvi abrir aquele velho e esquecido baú deixado por você no canto de nosso quarto. Encontrei sua carta assinada e lacrada o que me levou a curiosidade de abrir. Li todas as frases, letras após letras banhado pelas lágrimas as quais despencavam como em uma cachoeira em dia de chuva torrencial.

Ó meu amor, por que deu ouvido a conversas de terceiros sem nunca vir conversar comigo? Não vês que a inveja é a droga alimentadora de pessoas com má índole? Por que foi embora assim deixando aqui nossa filha Raimunda nessa terrível saudade cercada de tantos mistérios?

Você simplesmente acreditou em conversas de terceiros que lhe falaram coisas terríveis as quais jamais aconteceram, nunca passou por minha cabeça fazer tremenda atrocidade, trair-te, afinal eu o amava e, para falar a verdade continuo e continuarei a te amar eternamente ou enquanto a lembrança de seu belo sorriso me fazer sentido, outra mulher jamais tomará seu lugar em nossa cama. A parte em que você dormia continua intacta, arrumada por mim todas as noites mantendo-me a esperança de continuar vivendo com a esperança de ver você adentrar.

Não sei por onde andas e nem se ainda vive nesse plano terreno dos mortais, isso a mim também não importa, importa mesmo o tamanho do amor em minha alma que domina o meu ser.

Escrevo-te esta carta como forma de carinho e muito amor, a mesma ficará guardada em seu baú, sei que em pouco tempo sucumbirei a esta maldita solidão e quem sabe um dia voltará para ler e me perdoar por algo que jamais faria com você, por minha parte você sempre estará perdoada, mesmo tendo cometido o equívoco de não conversar para saber a verdade, você foi levada por pessoas de pensamentos ruins dominado pela inveja. A inveja mata, mas antes ela maltrata, torna a nossa vida um verdadeiro inferno, não o de fogo, mas o inferno verdadeiro.

Um beijo e um abraço deste que tanto te ama, querida!

Assinado: Seu amor, Ronaldo ou Rorô como carinhosamente me chamava.

Carregada de emoção, Letícia, neta de Ronaldo chorava desesperadamente ao descobrir essas informações dentro daquele baú o qual herdou de sua mãe Raimunda, todos esses sessenta anos aquele segredo fora guardado em duas cartas, segredo esse que parte dele continua uma incógnita como onde sua avó foi morar e quantos parentes ela teria dessa separação sem sentido.

 

 

 

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 07/02/2022


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