A PALAVRA E A NAVALHA
JOEL MARINHO
A palavra é uma dádiva
De certa forma, divina
Porém pode ser cruel
Que mata e desatina
Sempre é melhor comedir
E assim não proferir
Palavra que assassina.
Muitas vezes é melhor
Navalhada na goela
Que uma palavra mal dita
Capaz de causar sequela
E tira do outro a calma
Cria ferida na alma,
Por isso tenha cautela.
Eu ouço sempre o discurso
“Mas era só uma brincadeira”
Então para de brincar
Deixa de falar besteira
A língua é lâmina afiada
Deixa a alma destroçada
Palavra é cobra rasteira.
Mas também pode ser dádiva
Se for dita com amor
Um “tudo vai ficar bem”
Um elogio com ardor
Um “vamos que vai dar certo”
E com um sorriso aberto
Nada é mais libertador.
Tem gente que é “poeta”
Se está de boca fechada
Porém se a boca abre
É naja desembestada
O estrago não é pequeno
Porque espalha o veneno
De forma descontrolada.
A palavra e a navalha
São lâminas do mesmo gume
As duas podem salvar
Ou nem servir para estrume
Mas a palavra é pior
Tortura e mata sem dó
Quase sempre não assume.
Deixo o meu conselho amigo
Se pensar em desferir
Qualquer palavra mal dita
Pense antes de agir
O que a ti é brincadeira
Ao outro não é besteira
E a alma vai ferir.