Joel Marinho
Entre letras e versos
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ÚLTIMA CARTA ÀS BARATAS

POR JOEL MARINHO

Mito ou verdade? Dessa vez vou ficar com o mito como forma de verdade e assim deixarei essa carta as queridas baratas, mitologicamente são as únicas sobreviventes da terrível arma nuclear.

Queridas baratas, para início de conversa já peço desculpas por todos os humanos que durante muito tempo tiveram uma grande aversão por vós, não sei exatamente o porquê, mas confesso que de certa forma eu também não gostava muito de me aproximar de vocês.

No entanto, hoje em meio a essa infeliz decisão dos homens de se autodestruir com as bombas por eles criadas e visto que vocês são os únicos seres vivos a sobreviver a essa hecatombe percebo que devo me reportar a vocês com um pedido de perdão e deixo essa carta para quem sabe lerem no futuro quando a espécie conseguir essa façanha de aprender conhecer o código escrito.

Baratas, quando vossa espécie se tornar inteligente, uni-vos, aprendeis o sentido da cooperação, da união e, sobretudo o sentido da paz e do amor verdadeiro. Bani-vos a ganância, a terra é grande e com capacidade de produção a todos. Varrei do meio de vós a segregação, a religião, a politicagem, o puxa-saquismo, a bandidagem, a intolerância, a divisão de classe, a divisão de raça, as castas, a desunião, a ganância, o apartheid. Useis a inteligência para criar coisas boas e esqueçais de fazer bombas que possa levar as vossas devastações.

Nós, os homens não tivemos a capacidade de discernir o sentido de cooperação e paz, muito menos compreendermos o significado da palavra amor.

Quando muito lá distante a terra tiver se regenerado dessa calamidade causada por esse ser implacável chamado humano, cuideis dela com o carinho o qual ela realmente merece, pois ela não merecia uma raça tão devastadora e mal-agradecida como a nossa.

Ah baratas, quando criarem os seus deuses não os tornem eles tão superiores a ponto de vocês seguirem cegos matando quem quer que seja em nome dele, muito menos líderes religiosos e políticos com egos inflamados e que os façam crer neles de forma doentes como se tornaram os humanos.

Sabendo que não poderiam anotar tudo isso agora pela incapacidade tecnológica ainda entre vocês, resolvi escrever para pedir encarecidamente que guardeis na “memória histórica” todos os acontecimentos criados pelos homens para no futuro não cometerem as mesmas aberrações. Não crieis Baygon para matar outras baratas, pois esse erro pode levar a extinção a todas as baratas quando alguma barata maluca revolver espalhar esse veneno por toda a terra.

Deixo esta carta como documento para não esquecerem a nossa derrocada, talvez seja a última carta que escrevo antes de começar explodir as bombas em nome da pátria, do nacionalismo, de deus, do líder político, do líder religioso, do cinismo, do fascismo, do egoísmo, do capitalismo, do socialismo e outros malditos ismos.

Um grande abraço desse pobre poeta que só queria escrever e levar emoção a quem o “lesse”, entretanto, estou deixando o que pode ser minhas últimas palavras como conselho a seres até pouco tempo odiado por quase todos os humanos no planeta.

Abraços poéticos, Baratas!

Assinado: Um Poeta que sonhava!

 

 

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 02/03/2022
Alterado em 03/03/2022
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