A BARCA VIROU
JOEL MARINHO
A velha barca da vida
Navegava sem maresia
As ondas do mar bravio
Nem de longe aparecia
E todo o mundo contente
Até chegar a serpente
Venenosa, covarde e fria.
A covid dezenove
Fez o mundo se humilhar
Trancou os seres humanos
Em prisão domiciliar
Até as ondas do rio
Se tornou um mar bravio
Fazendo a barca virar.
Tudo agora é diferente
Daquilo que um dia foi
Cavalo virou carnívoro
Agora quer comer boi
O leão perdeu a juba
Agora só come uva
E ainda diz, qual foi?
E as crianças da “pandemia”
Tem medo de ir à rua
Dizem que lá se sufocam
E sentem até que estão nuas
Ansiedade e depressão
Tomou essa geração
Vivem no “mundo da lua”.
O que fazer eu não sei
E penso até que ninguém
Saberá qual é o rumo
Da vida no vai e vem
A barca não se conserta
Nem Noé tem porta aberta
Vamos ter que ir de trem.
Refazer é o propósito
Como é, eis o problema
Estamos sem muitos planos
Sem saída e sem esquema
E assim vamos ficando
Pois são milhões lamentado
Eis-nos o grande dilema.
Mesmo assim sou positivo
Negativo basta a conta
Que ainda tenho no banco
E o meu cartão apronta
Todo mês é agonia
Essa enorme carestia
Que se tornou grande afronta.
Choro, lamento e levanto,
Sorrir é a minha saída,
Pois não vai adiantar
Parar em meio a corrida
Se a velha barca virar
Vou de trem, mas vou chegar
Sem perder a fé na vida.
Quanto a nova geração
Que sofre o golpe na infância
Eu sei que haverá saída
Tenho total esperança
A vida é um sobe e desce
E sofrer ninguém merece
Ainda mais quando criança.
Um abraço desse poeta
Com carinho e humildade
Muito amor e alegria
Vá para longe a maldade
Que a paz possa reinar
E a barca poder navegar
No mar de tranquilidade.