CONTO INACABADO (O último gole de vinho)

POR JOEL MARINHO 

A tarde caiu lentamente e aos poucos a noite engoliu sorrateimente o sol deixando para trás um rastro de escuridão e mistério. 

O poeta ligou seu computador, abriu uma de suas garrafas de vinho, colocou uma dose na taça e engoliu vagarosamente. 

De janela aberta observou ao fundo do horizonte uma estrela brilhante. Pensou um tempinho, respirou profundamente e começou a escrever aquele conto. Seria exclusivo para uma coletânea a ser publicado em um livro internacional,  ia ser traduzido em diversos idiomas.

UM AMOR TRANSCENDENTAL

No fundo do horizonte a lua despontou acariciando os lábios de Rosa, deitada ali no chão da praia enquanto Wagner a contemplava com um olhar apaixonado jamais observado em qualquer outro homem, o amor de Romeu se tornava ínfimo diante aquela cena talvez experimentada apenas pelos deuses.

E o olhar de Rosa? Quem seria Julieta frente aquele olhar tão simples totalmente apaixonada?

O sexo era apenas o complemento ou o início daquela experimento "amoril", tudo isso ia muito além de qualquer coisa já vista.

O poeta suspirou outra vez profundamente e tomou mais um gole do seu vinho e dos seus olhos um fio de lágrima fez enuvear seus olhos. Voltou ao teclado.

Depois de tanto se amar já completamente esgotados os dois enamorados pegaram suas roupas, porém não vestiram, já que era uma praia deserta saíram pelados de mãos dadas tal qual Adão e Eva no paraíso descrita no livro sagrado dos cristãos.

De repente um barulho estridente e um clarão enorme deixou Wagner temporariamente cego. Passado uns segundos quando voltou sua visão viu no chão caída de olhos abertos Rosa que tentava balbuciar alguma coisa como, eu te amo, talvez e, desfaleceu já nos braços do amado com um meio sorriso na bo,,,

Na manhã seguinte um dos vizinhos do poeta ia passando em frente a sua janela e percebeu ele debruçado em cima do teclado de seu computador.  Chamou-o por diversas vezes, sem nenhuma resposta ligou para a polícia que não demorou a chegar e constatar, o poeta estava morto. Provavelmente havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral ou qualquer outra coisa,  sóa períciairia constatar.

Sem muita pompa o poeta desceu a fria e última morada. Seu conto ficou inacabado. 

Aquele que seria o seu maior trabalho não aconteceu, seu reconhecimento quanto escritor jamais ocorreu, porém seu conto foi depois salvo pela polícia,  no entanto, inacabado e continua aguardando algum poeta que possa ter coragem de investigar para saber quem pôs fim naquele amor tão lindo e inocente beirando a transcendentalidade.