INTERNADA NO CONVENTO, EXISTIU, MAS NÃO VIVEU
Quando ela entrou forçada no convento
Pensou com o vento, tudo acabou!
Uma vida sem escolha, pobre menina,
Todo talento que tinha ali enterrou.
Tecendo tricô e entoando cânticos
Nada romântico, é claro
Por uma fenda olha o horizonte
E sente um prazer tão raro.
Pela fresta um raio de luz
Que a conduz à felicidade
Um sentimento de paz latente
No peito sensação de liberdade
Ó doce aurora da mocidade,
Sem maldade, banho no chafariz
Com as outras meninas a brincar
Era tudo, pois seu mundo era feliz.
E qual erro daquela pobre menina?
Desatina-nos pensar no grande horror
Internada no convento pelo pai
Para ela não viver um grande amor.
Já sem força pela avançada idade
Por maldade ela ali envelheceu
E a morte lhe sorriu, o abraçou
Já é tarde, existiu, mas não viveu.
JOEL MARINHO