O VALOR DAS COISAS JOEL MARINHO Quem deu o valor às coisas Só podia estar brincando Criou a separação Que ainda estamos pagando Dividiu a humanidade Por capricho ou por maldade Foi um ao outro dominando.
Quem falou que o diamante Vale mais do que o ouro E que a pedra comum Na terra não faz tesouro Tirou do pobre a esperança E o prendeu na ignorância De um terrível matadouro.
Criou uma elite nobre Que domina a maioria Ainda criou um deus Com tremenda ironia Dizendo, deus é o culpado Se nasceu do outro lado É o destino quem vos guia.
Criou o tal do destino Pra mantê-los conformado E inculcou na cabeça Do pobre vil, desgraçado E disse, tens que seguir Se não o deus vai punir Ir contra isso é pecado.
Esquematizou os povos Em uma hierarquia Num sistema de pirâmide Igual à dos nossos dias Onde o pobre paga a conta E a elite só apronta Com enormes regalias.
Ao pobre não restou nada Só peia como animal Ele então criou um vínculo Para aliviar o mal Sem ter nenhuma riqueza Criou em sua pobreza O valor sentimental.
Por isso ele se apega A coisinhas sem valor E diz, esse é meu tesouro! Foi minha mãe quem deixou E com esse sentimento Faz daquilo monumento Para aliviar a dor.
Porém o mais engraçado É que tudo pode mudar Porque existe uma coisa Que ouro nenhum vai comprar É a maldita da morte Não há um que tenha sorte E dela poder escapar.
É aí que o “bicho pega” Ninguém pode se livrar Preto, branco, rico ou pobre Todos ela vai levar E não existe valor Que um dia a morte comprou Nem adianta espernear.
Isso me deixa inculcado Por que tamanha ganância? Por que dar valor as cosias? Para nos dar confiança Se vamos todos “pro saco” Presos em frios buracos Sem poder pagar fiança.
E tanto faz se tem ouro Prata, rubi, diamante Se anda em carro importado Se é com outros arrogantes Quando morre perde a guerra Vai se misturar à terra Seja anão ou gigante.
Eu já nem quero saber Quem foi o “filho do cão” Que atribuiu valor as coisas Criando essa divisão Com isso fez a inveja Guerras, mortes e pelejas E irmão matando irmão.
Mesmo eu amando a vida Tenho que aplaudir a morte Porque com ela não tem Essa história de rico forte Quando ela chega matando Vai a todos carregando Não existe essa de sorte.
Mas é somente por isso Não gosto dessa danada Visto ser uma cretina Que não tem hora marcada Chega com a sua foice Igual um jegue dá coice E leva a alma penada.
Eu vou ficar por aqui Deixando o que me sobrou Nessa vida de pobreza Os únicos bens que restou Meu abraço e meu carinho Vida longa e um bom caminho Com alegria e amor.
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 22/01/2024
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