Joel Marinho
Entre letras e versos
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Contato Links
Textos

O VALOR DAS COISAS

JOEL MARINHO

Quem deu o valor às coisas

Só podia estar brincando

Criou a separação

Que ainda estamos pagando

Dividiu a humanidade

Por capricho ou por maldade

Foi um ao outro dominando.

 

Quem falou que o diamante

Vale mais do que o ouro

E que a pedra comum

Na terra não faz tesouro

Tirou do pobre a esperança

E o prendeu na ignorância

De um terrível matadouro.

 

Criou uma elite nobre

Que domina a maioria

Ainda criou um deus

Com tremenda ironia

Dizendo, deus é o culpado

Se nasceu do outro lado

É o destino quem vos guia.

 

Criou o tal do destino

Pra mantê-los conformado

E inculcou na cabeça

Do pobre vil, desgraçado

E disse, tens que seguir

Se não o deus vai punir

Ir contra isso é pecado.

 

Esquematizou os povos

Em uma hierarquia

Num sistema de pirâmide

Igual à dos nossos dias

Onde o pobre paga a conta

E a elite só apronta

Com enormes regalias.

 

Ao pobre não restou nada

Só peia como animal

Ele então criou um vínculo

Para aliviar o mal

Sem ter nenhuma riqueza

Criou em sua pobreza

O valor sentimental.

 

Por isso ele se apega

A coisinhas sem valor

E diz, esse é meu tesouro!

Foi minha mãe quem deixou

E com esse sentimento

Faz daquilo monumento

Para aliviar a dor.

 

Porém o mais engraçado

É que tudo pode mudar

Porque existe uma coisa

Que ouro nenhum vai comprar

É a maldita da morte

Não há um que tenha sorte

E dela poder escapar.

 

É aí que o “bicho pega”

Ninguém pode se livrar

Preto, branco, rico ou pobre

Todos ela vai levar

E não existe valor

Que um dia a morte comprou

Nem adianta espernear.

 

Isso me deixa inculcado

Por que tamanha ganância?

Por que dar valor as cosias?

Para nos dar confiança

Se vamos todos “pro saco”

Presos em frios buracos

Sem poder pagar fiança.

 

E tanto faz se tem ouro

Prata, rubi, diamante

Se anda em carro importado

Se é com outros arrogantes

Quando morre perde a guerra

Vai se misturar à terra

Seja anão ou gigante.

 

Eu já nem quero saber

Quem foi o “filho do cão”

Que atribuiu valor as coisas

Criando essa divisão

Com isso fez a inveja

Guerras, mortes e pelejas

E irmão matando irmão.

 

Mesmo eu amando a vida

Tenho que aplaudir a morte

Porque com ela não tem

Essa história de rico forte

Quando ela chega matando

Vai a todos carregando

Não existe essa de sorte.

 

Mas é somente por isso

Não gosto dessa danada

Visto ser uma cretina

Que não tem hora marcada

Chega com a sua foice

Igual um jegue dá coice

E leva a alma penada.

 

Eu vou ficar por aqui

Deixando o que me sobrou

Nessa vida de pobreza

Os únicos bens que restou

Meu abraço e meu carinho

Vida longa e um bom caminho

Com alegria e amor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 22/01/2024
Comentários