SOB O OLHAR E CUIDADOS MATERNOS
E de repente me vi vencido
Em pleno deserto, nuvens de areia.
A boca vermelha, sangue;
Chiado nos pulmões, tosse seca,
Meu Deus, Meus Deus, a morte!
Era eu, era ele, era um sonho?
O próprio Alvares de Azevedo.
Fundi-me em corpo e alma
Perdido naquele deserto
Abraçado as minhas amarguras
E acariciado por minha depressão.
Maldita morte, maldita sorte!
Olhei para o céu, a face dos anjos
Liras delirantes a me chamar
Não vi Deus, mas ouvi sua voz
E chamava pelo meu nome.
Era uma voz tão doce e conhecida
Que parecia tão íntima.
Por um momento fiquei confuso
Era a voz de Deus ou da minha mãe?
E de repente o susto horripilante,
Mas foi aos poucos dissipando.
Minha mãe sorria com meu café na mão
Sentou-se ao meu lado, afagou meu cabelo
E naquele momento entendi meu pesadelo
Por ter lido “Lembrança de morrer”,
Do mestre Alvares de Azevedo,
Porém ao menos ali eu estava protegido
Sob o olhar e cuidados maternos.
JOEL MARINHO