SOB O OLHAR E CUIDADOS MATERNOS E de repente me vi vencido Em pleno deserto, nuvens de areia. A boca vermelha, sangue; Chiado nos pulmões, tosse seca, Meu Deus, Meus Deus, a morte! Era eu, era ele, era um sonho? O próprio Alvares de Azevedo. Fundi-me em corpo e alma Perdido naquele deserto Abraçado as minhas amarguras E acariciado por minha depressão. Maldita morte, maldita sorte! Olhei para o céu, a face dos anjos Liras delirantes a me chamar Não vi Deus, mas ouvi sua voz E chamava pelo meu nome. Era uma voz tão doce e conhecida Que parecia tão íntima. Por um momento fiquei confuso Era a voz de Deus ou da minha mãe? E de repente o susto horripilante, Mas foi aos poucos dissipando. Minha mãe sorria com meu café na mão Sentou-se ao meu lado, afagou meu cabelo E naquele momento entendi meu pesadelo Por ter lido “Lembrança de morrer”, Do mestre Alvares de Azevedo, Porém ao menos ali eu estava protegido Sob o olhar e cuidados maternos. JOEL MARINHO
Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 03/05/2024
Alterado em 04/05/2024 |