Joel Marinho
Entre letras e versos
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CARTA DA TERRA AOS HOMENS

POR JOEL MARINHO

Olá, humanos, meus filhos! Já não sei se é dia ou noite, já não tenho mais forças para algumas observações nesse meu leito de morte, mas antes de expirar preciso me despedir de vocês, visto serem os únicos seres que habitam em mim com a capacidade de usar a racionalidade para pensar, logo cometem erros mesmo sabendo que não deveriam agir de determinadas maneiras, pois sabem da finitude da minha existência se não houver o cuidado necessário para comigo.

Eu juro que tentei suportar todas as atrocidades contra mim cometida, lutei para manter o funcionamento dos mares mesmo com tanto lixo e poluição diversas despejadas dentro deles fazendo-os se tornar grandes esgotos a céu aberto, aos olhos dos deuses.

Quanto as calotas polares assegurei o quanto pude no intuito de mantê-las funcionando corretamente, mas infelizmente haviam forças externas como o sol, por exemplo, fora do meu alcance de atuação, porém vocês com seus atos de loucura criaram automóveis abastecidos por combustíveis fósseis e acabaram por destruir a camada de ozônio, com isso a força bruta implacável do sol derreteu o gelo criando enormes inundações sobre mim e atacando grande parte do meio ambiente, inclusive destruindo muitos humanos menos favorecidos que não tiveram a chance de fugir antes da inundação.

Mesmo brava eu chorei muitas vezes com o grito de dor dos homens ao vê-los fitando a morte de perto sem eu poder fazer nada para aliviar as dores. Em cada parte do mundo eu vi os horrores que vossas ignorâncias trouxeram a vocês mesmo e aos outros animais os quais vocês classificaram quanto irracionais, todavia, na verdade os irracionais pareciam ser vocês. Era tão fácil ver o óbvio como um mais um são dois, bastava apenas observar suas próprias ações e as destruições e assim poderiam ter criado outros caminhos, novas possibilidades mesmo agressivas a mim.

Quando a floresta amazônica deu o alerta vocês não ligaram e continuaram derrubando tudo em busca de ouro e da minha posse, não se preocuparam quando o rio mais volumoso do mundo emitiu socorro por falta de água. Vocês continuaram com seus motosserras, tratores, máquinas escavadeiras e mercúrio.

O peixe ainda vivo se tornou um veneno para vocês mesmo, a água mesmo tendo a suntuosidade quando o inverno voltava já não era mais a mesma, seu consumo se tornou venenoso para a população ribeirinha devido vossas ganâncias. Vocês mataram os deuses, mataram os animais, mataram a floresta, mataram a esperança e por fim mataram a vida ao me matar.

Sinceramente, eu esperava mais de vocês. Logo vocês, os únicos seres a quem eu gestei e os dei inteligência e capacidade de discernimento. Quanta desilusão sinto agora em meu leito de morte.

Já me vou e não sei se ainda existirá esperança de sobrevivência a vocês e é com muito pesar que falo isso, mas não tenho mais forças para continuar existindo. Quanto mãe o meu coração está partido, pois é muito difícil para uma mãe ver seus filhos sucumbirem na própria ignorância como estou vendo, mesmo assim ainda desejo a vocês sorte e discernimento, todavia, penso ser impossível continuarem sem mim, no entanto, se acaso conseguirem encontrar outro lugar e outra mãe que os dê abrigo sejam mais generosos e não o maltrate tanto assim como me maltrataram a ponto de me matar

Eu estou sentindo já o vento frio da morte e...eu os am...ahhhhhhhhh!!!

 

 

 

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 03/06/2024
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