Joel Marinho
Entre letras e versos
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QUER SABER QUEM É O SER DÊ A ELE PODER

Os ditados são jargões

Que as vezes beira a maldade,

Mas se forem analisados

Traz um fundo de verdade

“Se quer alguém conhecer

Dê para ele poder”

E verás quem é de verdade.

 

O velho jegue Kabrunko

Trabalhou a vida inteira

Todos os bichos conheciam

Carregava fruta na feira

Era um poço de humildade

Nele não tinha maldade

Nunca fez uma besteira.

 

Porém com sessenta anos

Chamaram ele com jeito

Reuniram-se os bichos

Para realizar o pleito

Com grande contentamento

Apontaram o jumento

A concorrer à prefeito.

 

Ele ainda disse não!

No entanto, foi convencido

Para seguir na disputa,

Pois era muito querido

Contra o bode de chiqueiro

Com fama de desordeiro

O bode “véi” foi vencido.

 

Foi uma festa danada,

Pois grande foi a vitória

A bicharada gritando

E dando vivas de glória

Com um discurso bonito

O boi disse eu acredito

Teremos uma nova história.

 

Kabrunko esperou o dia

De assumir a prefeitura

Já comprou um belo terno

Nos cascos ele fez pintura

Com a crina prateada

E uma calça engomada

Uma nova criatura.

 

Nomeou o boi Zangão

Pra chefe segurança

O cavalo Brutus ganhou

Um cargo de confiança

Juntou só os bichos fortes

Não quis mais brincar com a sorte

Quando tivesse de andança.

 

Depois que assumiu o cargo

O velho jegue sumiu

Deixou de andar com os pobres

Não foi mais banhar no rio

Na feira onde trabalhava

Se por ele alguém perguntava

Ninguém sabe, ninguém viu.

 

 Para falar com o prefeito

Só marcando audiência

E quando ele se zangava

Vinha logo dando prensa

Falava ao secretário

Dispensa esses bichos otários

Aqui não é lugar de benção.

 

Aquele “novo” Kabrunko

Estava muito mudado

Não tinha nem um restinho

Do que fora no passado

Toda aquela humildade

Transformou-se em maldade

Depois que foi empossado.

 

Já se falava em impeachment

Por parte da oposição

O bode velho berrava

Chamava ele de ladrão

Um dia o jegue enfezado

Escreveu ao delegado

Jogaram o bode na prisão.

 

A palavra de Kabrunko

Era a lei na cidade

Não tinha mais por favor

Ele era a autoridade

Sempre cheio de razão

“Rasgou” a constituição

Virou um rei de verdade.

 

Ninguém podia falar,

Pois só ele que falava

Com coices e palavrões

Assim aos outros tratava

E os bichos arrependidos

Diziam, jegue bandido!

Por essa ninguém esperava.

 

E no final do mandato

Veio pra reeleição

Ficou novamente humilde

Falando em renovação

Mas veio o cavalo Bento

Derrotando o jumento

E aquela corrupção.

 

Já havia um inquérito

Na Polícia Federal

Investigando o Kabrunko,

Mas ele não se deu mal

Fugiu no fim de semana

Num jatinho de bacana

Desapareceu total.

 

Porém tinha feito um rombo

De no mínimo um bilhão

Todos aqueles comparsas

Ganharam o seu quinhão

Do juiz ao delegado

Ganharam os seus trocados

Na grande corrupção.

 

Ficou ali um alerta

Pra toda aquela cidade

Escute os velhos ditados

Mesmo contendo maldades

Se alguém quer conhecer

Dê para ele poder

E verás quem é de verdade.

JOEL MARINHO

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 11/07/2024
Alterado em 11/07/2024
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