“TUDO DEMAIS É VENENO E PODE MATAR”
Por JOEL MARINHO
“...Se a inteligência ficou cega com tanta informação.”
Em todo o processo da nossa história nunca o ser humano havia alcançado tanto conhecimento e desenvolvimento da inteligência, acumulamos saberes e informações jamais alcançados por nossa raça. Quão louvável nossas descobertas, cruzamos o céu em foguetes e satélites capaz de irmos e voltarmos de um extremo a outro da terra em fração de segundos por meio de uma tecnologia invejável.
Sempre procuramos meios para nosso conforto até chegarmos a um momento no qual temos tudo na palma das mãos, tudo ao passe de um clique ou de um comando de voz. Que máximo! É, bem, talvez não seja tão máximo assim do ponto de vista de que nosso cérebro e corpo acaba entrando em um processo de sedentarismo crônico e toda essa estrutura criada por nós talvez seja o começo de nossa derrocada.
Por ultimo criamos a Inteligência Artificial, parte da nossa inteligência, porém transformada em máquina que não cansa e jamais erra para o propósito a qual foi programada e assim robotizamos toda a nossa vida e perdemos as características de humanos felizes pelas novas descobertas, não há descobertas porque temos agora quem pense por nós.
Nos tornaremos máquinas sem sonhos e ousadias? Não buscamos mais descobrir uma nova fórmula matemática como Pitágoras pensando o porquê a soma dos catetos é igual a hipotenusa? Para quê forçar o cérebro se já temos uma máquina para fazer isso?
Eis que entra nesse momento a Lei do Uso e do Desuso do velho Jean-Baptiste de Lamarck, logo, se não usarmos o cérebro a tendência é atrofiar e nos tornaremos dependentes de nossa própria criação.
Bem, se quiser discordar comigo fique à vontade, mas quanto professor do ensino básico já percebo isso de forma nítida e clara, alunos totalmente dependentes do celular para tudo, desde uma simples operação matemática como por exemplo, o valor de duas vezes cinco até um texto de resposta simples como explicar quais e quantos elementos químicos a molécula de água é formada, são como zumbis, trapos humanos totalmente dependentes de uma “droga” chamada celular.
Se eu demonizo ou condeno o celular? Jamais! Foi uma máquina que veio para ajudar os seres humanos, aproximar mais as pessoas, unificar o mundo e quem sabe até humanizar mais. Todavia, o que se ver é uma individuação sem precedente, cada qual no seu mundo sem visão periférica e sem saber mais usar o cérebro.
Ler ficou em segundo, talvez em terceiro, para muitos em último plano. Isso bate um desespero muito grande para quem está do outro lado da sala de aula como professor, pois temos que disputar com a máquina a atenção de alunos “zumbis” que muitas vezes nem sabe o objetivo ou significado deles estarem ali, não sabe e nem querem saber o quão caro sai para o Estado cada um deles por mês para tão pouco resultado. Sem contar na falta de educação familiar e da pouca tolerância por terem seus cérebros inundados de tela e de coisas fúteis advindas da internet sem limite.
É, por vezes sentimos um fracasso tão grande que ao voltarmos para casa é como se estivéssemos carregando uma tonelada nas costas e a vontade de desistir dessa profissão é enorme, no entanto, há ainda aqueles que de certa forma nos faz retroceder e entender ainda valer a pena ser professor, mas sinceramente, está insuportável.
Você que chegou até aqui nessa humilde leitura pode estar me odiando e me chamando mentalmente de retrógrado, mas na verdade eu não sou contra nenhuma tecnologia feita por nossa inteligência para auxiliar nas tarefas do dia a dia, sou contra o uso de forma indiscriminada dela. Por exemplo, estou escrevendo de um computador, máquina extraordinária, mil anos luz mais evoluída que suas avós, as máquinas de escrever e isso é excelente.
Não querendo mais me alongar na discussão termino esse texto com um ditado antigo que minha velha mãe costuma repetir e ouço dela desde criança, “tudo que é demais se torna veneno”, seja remédio, comida, até felicidade demais cansa. Por isso, que venha as novas tecnologias, as Inteligências Artificiais, mas que não nos tornemos dependentes totalmente das máquinas.