Joel Marinho
Entre letras e versos
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CARTA AO PAPAI NOEL 

POR JOEL MARINHO 

Prezado papai Noel... Desculpe esse rancor que ainda sinto de você, quem sabe um dia eu possa sorrir e te chamar para o meu Natal, garanto que já evolui muito, já sai do nível ódio, passei da raiva e estou apenas no rancor, porém ainda me dói tanto, meus traumas não estão totalmente curados.

Sobretudo quando vejo crianças iguais a mim que veem todos os anos a esperança se esvaindo no dia 25 de dezembro após terem esperado a noite de olhos abertos até serem traídos pelo sono e, consequentemente também por você, eles acreditam tanto, assim como eu durante muito tempo acreditei, apesar de seus vácuos, até eu entender que você não gosta de crianças pobres.

Sei, eu não tinha meias, não tinha sapatos, não tinha lareira com chaminé, não tinha nada, mas por que você não apareceu apenas uma vez, papai Noel, apenas uma mísera e única vez?

Por vezes fico em casa imaginando o quanto de traumas você já causou pelo mundo.

Só estou lhe escrevendo para deixar registrada a minha indignação, mas também para chamar sua atenção no intuito de trazer aos meninos e meninas pobres do Brasil e do mundo um pouco de alívio e paz. Sei que não tem como sarar os meus traumas e de tantos outros, mas pelo menos não causa mais isso a ninguém, vá levar o presente a todos.

A papai Noel, creio que você nunca foi pobre na vida e jamais passou pelo que eu e todas as crianças pobres do mundo passaram e passam nesses dias festivos. É de um sentimento de impotência tão grande, uma vontade de gritar ao mundo, "EU ESTOU AQUI", mas do que iria adiantar se nem você o tal "bom velhinho" consegue ouvir imagina outros com tanta maldade no coração. 

Era só isso mesmo, papai Noel, passar bem!

Joel Marinho
Enviado por Joel Marinho em 19/12/2024
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