A PERDA DOS ÓCULOS
JOEL MARINHO
Seu João acordou tateando ao redor da cama procurando os óculos, onde sempre guardava, mas não encontrou nada. Agoniado saiu para o banheiro, pois estava já quase urinando no pijama, como não estava enxergando bem seguiu em direção errada e mandou ver.
Satisfeito deu um suspiro de alívio, balançou aquele que em vida tinha lhe ajudado a aprontar muito e guardou cuidadosamente dentro do velho pijama os “restos mortais”. Deitou-se ao lado de sua velhinha, dona Zefa e voltou a dormir o sono dos inocentes.
Acordou com os berros de dona Zefa que espumava de raiva de seu João:
- Velho cretino, acorda e me explica isso!
Atordoado ele acordou sem entender nada do que estava acontecendo.
- O que aconteceu, mulher? Por que o diabo essa gritaria?
- Ora por que essa gritaria? Tu fizeste xixi dentro do guarda-roupa, seu imoral!
- Puta que pariu, Zefa, eu perdi meus óculos e calculei errado o caminho do banheiro.
- Mas tu és muito leso mesmo, João, dormiste de novo com os óculos na testa, seu abestalhado!