OU O MUNDO ENLOUQUECEU OU O MALUCO SOU EU (pets "gente”, bebê reborn)
POR JOEL MARINHO
Meu filho, tu vais ver coisa
Falou minha vovozinha
Eu dei de ombro e sorri
E pensei, ó coitadinha
É resquício de “caduquice”
Movido pela velhice
E fiz pouco da bichinha.
Porém com o passar do tempo
As coisas foram mudando
Parece até que as horas
Mais rápido está passando
Com a rapidez da vida
Início virou partida
Tudo está desmoronando.
Vou dar uns poucos exemplos
De mudança radical
Antigamente tratávamos
Cachorro como animal
Comia osso de frango
Qualquer pirão era rango
E nada os fazia mal.
Gato ia pra caçada
Rato era caviar
Comida mais saborosa
Que ele podia encontrar
Agora a papagaiada
Só ração balanceada
Pro pet não engordar.
Tem até cartão de vacina
Vai ao médico mensalmente
Tosa com banho completo
Escova e pasta de dente
Chuva não quer mais pegar
Só quer dormir no sofá
Os pets viraram gente.
Eu confesso até que amo
Os cachorros e os gatos
Mas eu prefiro criar
Galinhas, porcos e patos
Pra quando a fome apertar
Eles vão virar jantar
Bem saborosos no prato.
E não tenho nada contra
Que cuida de bicho direito
Eu os aplaudo de pé
Todos têm o meu respeito,
Mas não quero ser insolente
Bicho, porém, não é gente
Julguem-me pelo meu jeito!
Vou deixar os pets quietos
Não quero entrar em contenda,
No entanto, vovó falou
Preste a atenção e aprenda!
Tu vais ver coisas meu filho
O mundo sair do trilho
Só vendo talvez me entenda.
Dia desses acordei
E pensei ter endoidado
Ao ler aquela notícia
Fiquei um pouco abalado
Ao ler a primeira vez
Inconformado li três
Pensei ter me enganado.
Um tal de bebê Reborn
Traduzindo, renascido
Um monte de “mães” felizes
Fingindo terem paridos
E agora o bicho pegou
Até o SUS se zangou
Com esse fatídico ocorrido.
Porque quem compra a boneca
Querem todos os direitos
Que uma mãe de verdade
Dar ao filho mama no peito
Quer serviço de saúde
Peço aos deuses que nos ajude
Se é que ainda temos jeito.
E só para completar
Já querem prioridade
Em ônibus e fila de banco
Não quero crer ser verdade
Ou o mundo enlouqueceu
Então o doido sou eu
Em meio a essa insanidade.
As vezes ficou pensando
Nessa troca que Deus fez
Destruiu os dinossauros
Creio, chegou nossa vez
Porque o que temos feito
Só merecemos no peito
Terra e bala, talvez.
Não vou mais me alongar
Não quero ser acusado
De falar de “bebês”
Para não ser processado
Eu que já sou claustrofóbico
Não quero ser “rebornfóbico”
E acabar enjaulado.